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domingo, 12 de fevereiro de 2017

 Fadados à destruição (Cap 22)

O meu bebê era tão lindo que me doía o peito. Olhar seu frágil corpinho alí, enrolado em trapos não o deixava menos bonito. Senti meu coração doer de aflição. -O que será de nós pequeno?- Sussurrei perto de seu pequeno ouvido. Ele se aconchegou ao meu seio e mamava forte, ávido por mais, mais leite, mais tempo talvez no aconchego dos meus braços...
O parto foi difícil e quando não me restava mais forças ele nasceu, meu pequeno híbrido amado, que seria a união ou a destruição de nossas raças. Eu não conseguia entender o amor de mãe, até agora. Ao vê-lo meu coração foi inundado por algo inexplicável, surreal, como se tudo se tornasse pequeno e distante demais para que merecesse atenção. Meu pequeno bebê era a âncora que me prendia à sanidade, eu sabia disso agora, meu mundo se tornou seu pequeno corpo em meus braços.

Seus olhos faiscaram quando soltou meu seio e chorou fazendo biquinho. As chamas estavam em seus olhos também, assustadoramente bonitas. Seus cabelos eram negros e seus olhos azuis, assim como Niga. Uma pequena cópia do pai, lindo demais para ser humano, mas humano demais quando chorava demonstrando toda sua fome. Uma mistura deliciosa e perfeita de nós dois.

A pequena cabana em que estávamos instalados era guardada dia e noite, então eu não dormia, com medo que entrassem no meio da noite e o levassem para longe de mim, mais do que nunca eu ansiava por Niga. 
-Onde está você meu amor?


Longe dali...

Eu andava de um lado para o outro quando desci do carro, olhava com frequência para o relógio agora, o seu tic-tac me deixava de um jeito que até agora eu não conseguia entender. Irritado era a palavra, ansioso também! Eu não conhecia essas emoções extremas antes de vir para cá. Em meu mundo estávamos preocupados demais no fim do mundo para nos dar ao luxo de nos preocuparmos com nós mesmos. 
Éramos como abelhas atarefadas, todas reunidas em um grupo, pensando em grupo, pelo bem de todos, mas fadadas ao inevitável, à destruição, seja por qual motivo for de suas mortes, os humanos são os causadores diretos ou indiretos, mesmo assim elas não aprendem e não evoluem para se defender, continuam suas vidas da mesma forma a milhares de anos, trabalhando do mesmo jeito, com a mesma dedicação para a rainha e sua comunidade. E continuam a desaparecer cada vez mais do planeta, vão desaparecer completamente num futuro próximo. Mas o melhor de suas miseráveis vidas é que elas não sentem seu fim chegando, são felizes em sua ignorância completa de seu fim trágico.  
Assim nós também nos condenamos quando aterrissamos aqui pela primeira vez, achávamos que estávamos preparados para tudo isso, mas não tínhamos nem idéia de como seria realmente, era tudo suposições patéticas e teses, que se provaram todas superficiais demais ao tentar entender a psique humana. Somos agora eternamente fadados ao fracasso, nunca os entenderemos realmente assim como eles também não conseguem se explicar. Seus métodos e motivações continuam à leva-los ao fim trágico e à destruição em massa, e nos continuaremos à amá-los, tenho certeza disso agora, exatamente porquê são imperfeitos, brincando de amor e ódio e de fazer guerra.

E a tristeza maior era que sabíamos que estávamos perdendo o controle, e não tínhamos meios para mudar isso, acho que nunca os controlamos de verdade, são sentimentais até a medula. Sempre os guiando para todas as direções, mesmo que eles não saibam disso. 
São capazes das maiores atrocidades, mas é claro que não todos, assim como minha Susan pode me amar, sem reservas, sem limites... Meu coração doeu de saudades dela, de medo do que nos reservava o futuro. 
Eu me entregaria de novo mil vezes ao desespero que estou sentindo agora se isso me fizesse ter certeza que a veria uma vez mais. Tinha certeza que seria para sempre escravo desse sentimento doloroso que era amar Susan, mas seria escravo voluntariamente e submisso desse amor profundo, não importando quais barreiras humanas ou não que eu tivesse pela frente. 

Mas ao contrário das abelhas, eu tenho certeza da minha destruição, de uma forma ou de outra, eu não sairei ileso disso, era muito tarde para mim e para os meus, estávamos mudados demais, de maneiras irreversíveis, fadados à nos destruir juntos.

Continua...