Sejam bem vindos ao meu blog!

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domingo, 31 de janeiro de 2016

(Cap 17) Um general e uma refém

Nos dias que se seguiram nós não nos desgrudamos. Era paixão demais que se incendiava ao menor toque.Perdi a noção do tempo. Volta e meia eu acordava no meio da noite, meu relógio biológico estava totalmente bagunçado.
Niga me observava dormir como sempre. Ele sorriu quando eu o vi na escuridão, o rosto lindo sorria e eu não acreditava ainda no que estava acontecendo. As chamas dançavam em suas iris criando reflexos brilhantes no escuro, Era tão fascinante que eu esqueci por um segundo como respirar.
-Me diz que não é um sonho, por favor.-Pedi. Ele andou em minha direção, as chamas sumiram conforme se aproximou da cama.
Ele pegou minhas mãos nas suas e beijou minha testa.
-É o melhor sonho de todos, não quero nunca mais acordar! Ele me olhou com lágrimas nos olhos, mas seu olhar era triste. -E isso me intrigou.
Ele me abraçou tão apertado por um segundo, que senti meus ossos estalarem, quando eu tentei me soltar ele afrouxou o abraço, se deitou na cama e me puxou junto, ficamos ali abraçados.
O sono logo veio pra ele, e mesmo em sono profundo ele não me soltou, como se temesse me perder...


O resto da noite eu fiquei acordada, pensando na tristeza que vi em seus olhos, não consegui mais conciliar o sono e quando os fornecedores vieram naquela noite, se assustaram ao me ver perguntaram por Niga e eu disse que ele estava dormindo.
Eles olharam com tanta desconfiança que eu os levei até a enorme cama onde ele dormia profundamente. Ele estava tão lindo, tão sereno, que reprimi a vontade de afagar seus enormes cabelos. Eles estavam bagunçados na cama, Ele dormia de bruços, com uma parte dos cabelos arrastando  no chão cheio de areia. Parecia um menino, não um homem cheio de responsabilidades, desvendando um mundo totalmente diferente do dele. Verificaram se ele realmente dormia.
Só assim foram embora.


Apesar de muitas coisas terem mudado desde meu casamento, eu não vou ser hipócrita em dizer que agora eles me aceitam, ou que eu não tenho mais medo deles.
Na verdade ainda sinto calafrios ao encontrar qualquer um deles. Eles ainda nos julgam pior que animais, não merecedores de trégua alguma. Pra alguns deles deveríamos ser exterminados.
E isso me faz temer a volta pra Fortaleza, quanto mais passam os dias, mais se aproxima nossa volta, não podemos ficar indefinidamente aqui no meio do nada. Niga tem suas obrigações, seus homens para comandar.
Deve ser por isso que ele me olha estranho as vezes. Eu sinto que ele pensa o mesmo, que muita coisa vai mudar quando voltarmos.
Ele voltará a ser um general que se casou com uma alienígena de uma raça inferior e eu uma refém.
E eu não sei, sinceramente, como vão receber a notícia de que nos amamos.
Mesmo estando unidos de corpo e coração, dois mundos nos separam, e eu peço todos os dias a Deus, que isso seja o suficiente...

Continua...

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domingo, 17 de janeiro de 2016

Ficção ruim

(Cap 16) Ficção ruim

Quando fui ao banheiro não tive pressa em sair da ducha, a pressão da água massageava meus músculos doloridos.
Lavei meus cabelos várias vezes até ficar totalmente limpos e macios, e escolhi moletom pra vestir.
Penteei meus cabelos com muita calma, na verdade eu hesitava em voltar pra cabana. Tinha receio de encará- lo.
Quando voltei ele preparava a comida como sempre fazia, o cabelo preso num rabo bagunçado a calça preta de pijama amarrotada, tudo tão deliciosamente normal, que meu coração saltou quando ele me viu e sorriu, um sorriso lindo e sincero, como eu nunca tinha visto antes.
Sorri de volta um sorriso sem graça, meio torto.

Ele atravessou a distância do fogão até a porta aonde eu estava e me pegou pela mão me puxando até a pequena mesa. -Você deve estar faminta. -Ele me disse empurrando o prato com vegetais cozidos no vapor e um bife gigante grelhado que só o cheiro me fez babar.
-Obrigada- Disse atacando.
-Não há de quê- Ele me olhava a cada mastigada, me deixando constrangida.
-Assim vou engasgar, o que está olhando? -Perguntei com uma aspereza maior do que eu sentia.
-Estou te observando, a sua pele pálida, apesar de viver no deserto, seus lindos cabelos vermelhos, como você está tímida com o que estou dizendo... Enfim, você é um mistério pra mim, tudo em relação à você é muito contraditório...
-Ok, já entendi...-Ele me olhava crítico, com as mãos na cintura.
-Não entende, ainda,  mas está perto. -Eu olhei pra ele quando disse isso, seus olhos estavam enigmáticos.
-Você me dá medo às vezes, deveria parar de falar por parábolas, isso é irritante! 

Ele soltou os cabelos e tirou a calça bem ali na minha frente e eu engasguei com o brócoli, tossi sem parar.

-Estamos no meio da sala...-Ele riu e se virou de frente pra mim, o corpo esculpido, parecia não ter uma grama de gordura, tudo em Niga era músculos, magro e deliciosamente musculoso, dos pés à cabeça.
-Na verdade eu também me sinto constrangido ainda, quanto antes ficarmos nus novamente, mais rápido acostumaremos...-Ele sorriu, deu uma gargalhada gostosa que ecoou.
E eu fiquei ali, com meu garfo suspenso no ar, com o coração acelerado e as bochechas ardentes, ao lembrar nossa noite mágica.
Até aquele momento parecia surreal demais, dois seres de mundos diferentes se casando, e até pouco tempo atrás, entrelaçados entre lençóis, parecia ficção ruim.
Nunca na vida eu imaginaria que eu viveria essa história incrível, e o que mais me assustava no momento era que, apesar de tanto sofrimento, era inegável que estávamos perdidamente apaixonados um pelo outro, eu só não sabia agora o que viria a seguir, amor nunca fez parte do plano.

Continua...

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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Natal

(Cap 15) Natal

Fazia alguns dias que estávamos juntos ali na cabana. Era uma estranha amizade a nossa. Criamos uma rotina agradável. Ele sempre cozinhava vegetais e carne branca e eu adorava estar longe daquelas comidas estranhas, a limpeza ficava por minha conta, mas ele sempre acabava me ajudando. A noite ele lia e eu ouvia música. De vez em quando nossos olhares se encontravam e sabia que ele me desejava. Mas nenhuma palavra foi dita sobre isso, sabia que ele esperaria quando eu estivesse pronta. Ele me respeitava e fazia de tudo pra me agradar e me deixar confortável. E eu o respeitava ainda mais por isso. Vários noites eu acordava para tomar água ou ir ao banheiro e ele estava lá, de pé me olhando, as chamas dançando no escuro como dois holofotes, eu sempre perguntava se estava tudo bem e ele dizia que sim.
Eu podia ver o que a situação fazia com ele: ele perdia o sono e a paciência estava no limite. Apesar de nunca demostrar.
Eu não gostava de fazê-lo esperar, acho que a covardia me dominava todas as vezes que eu pensava nisso, um medo inexplicável tomava conta de mim.


Mesmo estando em uma cabana nós contávamos com ampla tecnologia e apoio vinte e quatro horas. Não era tola de imaginar que eles me deixariam sem guarda, afinal eu era a trégua entre dois mundos em guerra, eu nunca mais fugiria e nem me deixariam ir,  jamais, era um fato. Mas eu não sabia como me sentia sobre isso, só sabia que não queria mais fugir, não de Niga, ele não merecia isso.
De vez em quando, eu ouvia durante a noite, quando a comida era entregue, a água reabastecida, e claro, quando perguntavam se finalmente tínhamos feito o que tínhamos vindo fazer. Eles conversavam com Niga naquela língua estranha e cadenciada, para que eu não soubesse é claro. Mas ficava claro que Niga estava cheio das perguntas iguais, podia ver em seu semblante. essa situação estava se estendendo demais.


O Natal se aproximou e quando me dei conta faltava apenas três dias para a noite de natal. Eu não tinha idéia se comemoraria ou não.
Resolvi perguntar pro meu marido o que ele sabia sobre isso. Ele tinha acabado de sair do banho do banheiro adjacente a cabana. Seus lindos cabelos escorriam água e ele vestindo roupas informais me encantava e surpreendia a cada dia. Desde que saímos da fortaleza não usamos mais as roupas de gala, e eu tinha ficado satisfeita por usar roupas mais confortáveis. Ele parecia gostar também das calças largas de pijama e camiseta.
Ele estava descalço, penteava com os dedos os longos cabelos.
-O que você sabe sobre o Natal? -Ele parou e me olhou nos olhos com a costumeira carranca que já não me assustava mais.
-Sei a história mas ainda não entendo muito bem. Não entendo porque um homem que morreu brutalmente virou um deus e que depois de tanto tempo devemos trocar presentes no seu aniversário de nascimento... -Ele se virou de costas e continuou a pentear os cabelos, eu me aproximei e fiquei admirando os cabelos pretos e brilhantes que escorriam água, não resisti e peguei uma mecha.
Ele deve ter sentido porque se virou imediatamente que me assustou, soltei e senti as bochechas ardentes.
-Não quis assustá-la, me desculpe.-Ele me olhava preocupado.
-Saiba que não é só uma história, ele é meu deus...-Ele me olhou nos olhos.
-Posso ver que é verdade, é assim pra você...
-Me desculpe, é pra ser uma festa, estou sendo irritante!
-Está tudo bem Susan, eu respeito seu deus, e  não me importo se tocar meus cabelos.
Ele parou de mexer nos cabelos e começou a tirar areia dos vãos dos dedos dos pés. Mas ainda me olhava como se quisesse me devorar.
-Ele estendeu a mão me chamando, eu me aproximei ainda constrangida.
-Posso ajudar a pentear se quiser. -Agora ele pareceu constrangido, com um riso no canto dos lábios.
-Eu gostaria muito. -Ele se virou de costas novamente e inclinou a cabeça para trás, eu peguei o cabelo e prendi na mão num rabo de cavalo e passei a toalha retirando o excesso de água.
Os cabelos exalavam um cheiro tão bom que não resisti e levei uma mecha até o nariz e inalei profundamente.
Ele soltou uma risadinha, mas quando olhei seu rosto estava calmo e pensei que talvez estivesse imaginando.
Fui secando mecha por mecha, e quando estavam quase que totalmente secos, peguei o pente de dentes largos e comecei a pentear, de baixo para cima, de baixo para cima, até conseguir correr o pente de cima a baixo sem enroscar.
O ritual de pentear me acalmou, despertou meus sentidos.


Quando acabei ele estava com os olhos fechados e suas mãos seguravam o braço da cadeira com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Ele respirava com dificuldade.
-Pro-nto, acabei. -Ele abriu os olhos e as chamas estavam lá, lindamente dançando em suas íris azuis.
Eu não tinha me dado conta de como o ato de pentea-lo poderia ser tão afodisíaco, e que despertaria tais sensações, ou talvez eu estivesse carente demais. a muito tempo sem compainha. Ele se levantou e se aproximou lentamente. Meu coração deu um salto e se acelerava à medida que ele andava em minha direção.
Eu não podia mais negar que eu o queria, desesperadamente.
Toda minha carne, cada célula clamava por ele, e eu só tinha me dado conta enquanto ele me olhava e eu olhava de volta.
Eu poderia ficar para sempre presa no magnetismo daquele olhar.
Ele chegou tão perto que eu podia sentir seu hálito fresco no meu rosto. Ele inclinou a cabeça na minha direção para ficarmos próximos.
Ele segurou minhas mãos nas suas e ficamos assim, um olhando o outro, com as mãos ao lado do corpo, os corpos tão próximos que podia sentir seu coração bater próximo a minha cabeça. Não resisti e encostei minha cabeça nos seus ombros. Ele respirava tão profundamente que eu comecei a me preocupar. Ele murmurava em sua lígua natal coisas ininteligíveis.
Ele encostou seu queixo na minha testa e ficamos assim por um tempo, abraçados, como se mais nada existisse.


Depois de um tempo nos separamos,  e ele atravessou a pequena sala e saiu porta afora, eu fiquei parada ali no meio da sala ainda perturbada demais para fazer alguma coisa. E não podia negar que meu corpo clamava por mais, mais Niga em todos os sentidos, em todos os meus poros.
Ele entrou novamente tão rápido e me abraçou. Abaixou seus lábios até os meus e me beijou primeiro com doçura, encostando seus lábios nos meus levemente, depois urgentemente.
-É isso o que quer? Não terei forças para parar depois de beijá-la assim...mas se não quiser eu não vou suportar mais te ter tão perto...
-Si-m- A palavra saiu de minha boca sem eu pensar, tinha certeza absoluta.
Ele me ergueu nos braços e me carregou até a ampla cama e me deitou deitando ao meu lado.
Me beijou tanto e tão profundamente que eu me sentia totalmente entregue a ele.
Ele dizia alguma coisa entre um beijo e outro e eu não entendia nada e nem me importava, desde que ele continuasse a me beijar...
Quando tudo aconteceu foi tão mágico e tão profundamente delicioso que não podia ser descrito em palavras.

Ficamos o resto da noite e da manhã seguinte entregues um ao outro.
Quando deu por volta de meio-dia tivemos que levantar, eu precisava ir ao banheiro urgentemente.
-Preciso ir ao banheiro- Disse entre beijos. -Niga estava com seu corpo deliciosamente sobre o meu, uma carranca apareceu no lindo rosto.
-Vá.- Ele me disse se levantando e me erguendo junto.
Ele me enrolou no lençol e me dispensou com um aceno. Nu deitado na cama ele fazia inveja às esculturas de Michelângelo, tamanha a perfeição.

Da porta o olhei e ele olhou de volta com uma cara de poucos amigos que me fez arrepiar... Como se o encanto da noite estivesse indo embora com o amanhecer...
Continua...