Sejam bem vindos ao meu blog!

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

sábado, 20 de fevereiro de 2016

(Cap 18) Miniatura

Nos dias que seguiram, criamos uma rotina estranha. Niga saía cedo e chegava bem tarde, quase nem nos víamos. De manhã eu estava dormindo quando ele saía. E as aulas tomavam meu dia todo. E quando não estava estudando toda hora eu era chamada a algum lugar, pra ajudar em alguma tarefa. Mesmo sendo cansativo eu estava feliz em me manter ocupada.
Comecei com tarefas simples como mensageira, dentro da própria fortaleza é claro, eu não tinha permissão de sair sem meu marido. Entregava bilhetes lacrados de uma pessoa à outra, subia e descia escadas, mesmo tendo o elevador, eu preferia exercitar as pernas.
Em uma missão, Niga ficou fora por uma semana, patrulhando o perímetro da cidade e prendendo rebeldes remanescentes da guerra. Alguns deles não aceitavam dividir o planeta, queriam, a qualquer custo, expulsá-los daqui. Mesmo que para isso fossem mortos.
Eu comecei a sentir pena de todos os prisioneiros quando os via sendo trazidos em comboios. Eram tratados com respeito sim, mas tinham a desolação estampada em seus rostos, sabem, como eu sabia, que jamais fugirão. Terão seu orgulho dobrado, até que concordem em fazer a paz, de um jeito ou de outro, assim como eu.


Mas, eu temia, que não se casariam, sua transição será mais difícil, serão prisioneiros por tempo indeterminado. Muito tempo de clausura pode quebrar a mente de um homem, principalmente aqueles que nasceram livres. Um dos prisioneiros, me chamou atenção em particular, ele estava sendo levado a pé, cruzou o olhar comigo quando passou por mim em um dos labirintos de corredores, escoltado por dois aliens. Fiquei olhando meio paralisada. Ele andava com a cabeça erguida, não devia ter mais de trinta anos, o corpo era de um guerreiro, sua face tinha uma enorme cicatriz, mas que não o deixava feio, seria um homem atraente até, se não fosse o ódio no olhar, sua pele bronzeada dizia que passou muito tempo escondido no deserto, o que dizia que era forte, o deserto é um lugar onde os fracos não têm vez, sua pose desafiava a qualquer um a dizer o contrário. Fiquei condoída ao imaginar quanto sofrimento precisaria para que fosse submetido contra sua vontade férrea. Ninguém merecia ter que lutar pra ter direito de viver livre na terra onde nasceu.


Quando lembrei de olhar de novo, por cima dos ombros, ele me encarava, como se quisesse me dizer algo, mas foi impedido, empurrado para dentro de uma sala e a porta foi fechada atrás deles.
Fiquei o dia todo com aquela cena na minha cabeça. Com Niga ausente, eu procurava qualquer coisa pra me distrair, para que o tempo passasse mais depressa. Se fosse em outros tempos, uma simples mensagem de texto bastaria pra amenizar a saudade. Mas com a conquista, todos os tipos de comunicação foram cortadas, todos os aparelhos confiscados. Eles tinham seu próprio método de se comunicarem, mas aos humanos era totalmente proibido. Era como um telefone celular comum, mas muito complicado de usar. E só funcionava com leitura genética, o que impossibilitava de ser utilizado ou roubado por outra pessoa.
Parecia que cada célula do meu corpo clamava por Niga, quando dormia era seu rosto que via em meus sonhos, até que eu desistia de tentar dormir e andava em círculos pelo quarto até amanhecer.
Durante o dia eu era tratada com uma fria cortesia. Mas eu já nem me importava tanto, desde que estivesse fazendo algo pra ajudar alguém.
Quando fui chamada para ajudar na ala das crianças eu fiquei pasma alguns segundos, tentando entender.
-Vocês confiam em mim para isso? Não têm medo que eu os machuque?- A mulher alien que veio me buscar ficou parada uns instantes.
-Você não estará sozinha, terá outras com você, algumas mães também. então acho que fará o seu melhor.- Ela acrescentou com um forte sotaque, sorrindo entre dentes.
-Se você não matou Niga, creio que os bebês estão à salvo...
Eu fiquei olhando suas costas até se afastar, e só então me lembrei de segui-la.


Na ala das crianças eram mais de duzentos bebês, todos fortes e robustos, rechonchudos e sorridentes.
Fiquei observando cada um. Alguns choravam a plenos pulmões e as chamas apareciam é claro. Se fosse numa outra vida eu teria me assustado, mas essa nova Susan está diferente, ligada á essa característica intimamente. As chamas estavam presentes em todos os momentos, até na hora de amar. Um bebê chamou minha atenção em particular, ele tinha menos de um ano, os olhos tão verdes e grandes, nessa idade em que está aprendendo a engatinhar, olhou pra mim e sorriu, não um risinho qualquer, uma gargalhada. Eu ri junto, me aproximei de seu berço e ele estendeu os bracinhos, para que eu o pegasse.
Eu o levantei do berço e o embalei, cantarolando baixinho, até que ele adormeceu segurando minha mão. Seu corpinho lindo, tão saudável e quente, ressonava junto ao meu corpo. Fiquei observando sua respiração que subia e descia, extasiada.

Na minha vida anterior eu não tinha jeito com bebês, eu queria tê-los é claro, pelo menos uns dois. Mas cresci sem irmãos ou irmãs, não tinha noção desse amor incondicional e depois de alguns anos tentando engravidar, eu tinha desistido, no fundo eu sabia que teria filhos apenas para alegrar Diogo ou meu pai. Para mim não era algo que faltava, seria algo que viria a complementar, estava tudo bem se não conseguisse. Mas quando engravidei esse sentimento mudou, era o meu milagre, eu já o amava intensamente, meu coração batia junto com o seu, o dele mais rápido, palpitante, me lembrando a todo momento o quanto era afortunada por esse privilégio de gerar um novo ser, nada mais fazia sentido, como se eu de certa forma fosse vazia anteriormente e só então preenchida com algo valioso. Mas ele não teve chance de nascer. Meu sonho e meu milagre viraram sangue, se desfazendo dentro de mim. Fiquei olhando o bebê no meu colo e comecei a lembrar que eu nunca teria esse momento, não amamentaria, não iria embalá-lo durante o sono. Ele estava morto.
Morto, irrevogavelmente.


Senti as lágrimas surgindo do fundo, brotando calmamente e se transformando em seguida numa torrente. Eu não consegui me conter, devolvi o bebê ao berço e saí sem enxergar direito, lutando contra o desespero crescente dentro de mim.
Não sei como cheguei ao quarto, me lembrei de ter me deitado e piscado os olhos, quando os abri novamente já era de manhã. Minha cabeça doía miseravelmente. A luz do sol entrava pela janela e banhava o quarto, Meus olhos tentavam se acostumar com a claridade faiscante. Niga parado na janela, olhava o horizonte, quando ele percebeu que eu tinha acordado, ele virou imediatamente e veio em minha direção sentando na cama.
Meu coração saltou de alegria, me saltei em seu pescoço e o apertei, beijei e chorei.
Ele esfregava minhas costas e sussurrava palavras ininteligíveis em meu ouvido, me acalmando.
Quando me acalmei ele ainda me olhava nos olhos preocupado.
Me dei conta que como tinha me comportado, estava histérica.
-Se eu soubesse que seria recebido assim, teria vindo mais cedo- Ele me disse me estreitando num abraço de urso,
-Senti sua falta e sonhei com você- Eu gaguejava.
-Eu também -Ele me disse me beijando profundamente.
Quando o olhei, quando meus olhos se ajustaram a claridade, meu coração batia tão alto que eu o ouvia martelar nos ouvidos. Niga me olhava com certa antecipação no olhar, que mandava fogo dentro de mim, me lembrando que esse sentimento tão primitivo, tão puro, ainda era uma novidade deliciosa dentro de mim. Toda ânsia e desejo num só beijo. Nossos corações acelerados, nos conduziu a uma incrível manhã, cheia de desejos satisfeitos.

Depois de um tempo nos afastamos, somente para terminar de tirar a roupa e deitar novamente. ele me puxou pro seu corpo e ficamos enroscados um longo tempo sem dizer nada, esperando nossos corações voltarem ao batimento normal. nossa pele estava pegajosa mas ele cheirava tão bem, apoiei a cabeça num braço e fiquei olhando-o. Quando ele percebeu que eu olhava ele sorriu de volta seu sorriso mais lindo, que me fez chorar novamente. solucei até a cabeça doer e só então me afastei.
Estava com a cabeça doendo e os olhos inchados. ele me olhava e falou, como sempre, sem rodeios.
-Podemos ter um bebê se você desejar. -Eu chorei novamente me dando conta do que estava acontecendo.
-O quê? -Perguntei meio tonta.
-Um ou meia-dúzia, quantos você quiser, não me importo quantos sejam, desde que sejam nossos.-
Ele sorria e eu sorri de volta, um sorriso meio soluço. muito aliviada, imaginando um lindo Niga em miniatura...


Continua...


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Achei!!!

Oi gente linda!
Todas as vezes que escrevo um novo capítulo nesse romance, percebo que essa história ainda nem te nome, mas já sou tão apaixonada pelas personagens que escrevo sem parar.
Esses dias atrás me deu na cabeça de procurar, na maravilha da internet, algumas fotos que batessem com a descrição do meu amado casal protagonista!
E não é que eu achei? Morri quando vi essas fotos! Não sei de quem são por isso não dei os devidos créditos, se alguém souber me avise.
Olha esse "homem", ou alien como diz Susan, não é a cara de Niga? Relaxado, com o cabelo bagunçado, enquanto estava no bem bom na cabana? Ai, ai...
E olha essa criatura vermelha, não é a encarnação de Susan? Desse jeito meu coração não aguenta...kkkkk

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

(Cap 18) Risos e lembranças

Dois dias depois recebemos a notícia de que voltaríamos no dia seguinte. Já esperávamos por isso, mas mesmo assim ficamos abalados com a notícia.
Não fizemos nada, ficamos o dia todo namorando e a noite tomamos banho.
Depois de uns sanduíches, deitamos na enorme cama e ficamos ali, em silêncio, aproveitando nosso tempo juntos. As estrelas estavam tão lindas que me fazia querer chorar.
Eu não queria voltar, não queria ser vigiada dia e noite, receber olhares estranhos, queria somente Niga. Não queria ser olhada como um bicho no zoológico. As mulheres eram tão estranhas quanto os homens, me olhando tentando entender o que eu tinha de tão interessante que fazia que seus homens me encarassem embasbacados. Na verdade eu suspeitava que não era só por ser bonita, mas por ser diferente de todas as outras mulheres. O cabelo vermelho não era comum nem nesse mundo, imagino como deve ser estranho pra eles.
Era como se não bastasse ser alienígena e de um povo estranho e inferior, eu era tratada como aberração, uma híbrida única da espécie, um mero acaso genético.
Nesse mundo olhavam meus cabelos vermelhos com admiração ou inveja, já eles como se eu fosse culpada de algo que eu não sabia.
O fardo desse casamento começou, a partir de que eu soube que voltaríamos, a ficar mais pesado.


-Olhe pra mim. -Ele me disse de repente. Eu virei meu rosto diretamente pra ele, ele acariciava meus cabelos e começou a fazer uma trança com nossos cabelos juntos, formando um lindo contraste preto e vermelho.Se alguém da Fortaleza pudesse vê-lo agora, com certeza sairia gritando e me levariam pra forca. Seu cabelo enorme e lindo, totalmente bagunçado, sem camisa e calça preta de moletom, o uniforme totalmente esquecido em algum lugar, o rosto suave e distraído, pensando no que diria a seguir, o rosto de um menino descansado, no corpo lindo de um homem. Quando prestei atenção novamente ele esperava eu sair do transe dos meus pensamentos, com uma fingida irritação, ele era educado demais para me interromper. Olhei pra ele e deixe que ele dissesse o que queria dizer.
-Você sabe que quando voltarmos não ficaremos o tempo todo juntos e que você retomará as aulas de nossa cultura e história, não é? Você deverá aprender tudo o que uma esposa precisa pra auxiliar um marido-Ele me olhava nos olhos com adoração e as mãos hábeis continuavam a fazer a longa trança.
-Sim, mas a noite será nossa... -Eu disse me aproximando e beijando-o. 


Fiquei pensando em como me dei bem em tê-lo como marido, poderia ser qualquer outro. Um desses que fazem a guarda noturna e parece ter cara de paisagem, que certamente são treinados para não demonstrar qualquer tipo de emoção, como eu me afundaria ainda mais na tristeza tendo um marido que me olhasse como se eu fosse um abajur. Agora eu podia ver como precisávamos um do outro quando no conhecemos, em como eu estava afundada na dor da perda e da clausura e como ele enfrentava uma vida totalmente diferente e a batalha dia após dia para se adaptar, para parecer forte para seus homens, para demonstrar que o amor a profissão pode ajudar a superar tudo.
Eu podia sentir agora como somos importantes um para o outro, como ligamos nossa vida desesperadamente um ao outro, no início por obrigação, depois como válvula de escape e agora um arrimo sem o qual não podemos viver.
Como se faltasse um membro, como se um estivesse ligado ao outro, não só fisicamente e emocionalmente, mas uma coisa indecifrável e não mensurável pela lógica. Era difícil pensar que até agora eu tinha vivido sem experimentar esse sentimento pleno de olhar nos olhos de alguém e saber que é naquele olhar que você queria estar e que nada no mundo faria você deixar de ter essa certeza.
Eu estava perdida nesses pensamentos quando ele retribuiu o beijo, nossos corações imediatamente martelando nos ouvidos, se eu podia ouvir ele certamente ouvia os batimentos como baques surdos e logo depois ficou sério, lembrando novamente de algo que queria dizer, parecia preocupado com algo.


-O que houve?-Ele disfarçou a preocupação e me olhou com um sorriso lindo nos lábios.
-Nenhuma novidade, você é esposa de um general do Alto Comando, e eu seu marido.-Ele me olhou como se fosse dizer alguma coisa, ou me dar uma bronca, mas parou e me olhou quase zangado, como se de repente ficasse com raiva de algo e eu comecei a ficar com um receio, como se ele soubesse de algo que não estava me contando.
-O que está acontecendo? -Perguntei- O que você está me escondendo? -
Ele sorriu novamente e me deitou junto com ele, apoiou sua linda cabeça na minha barriga e eu afagava seu rosto, com sua barba espetando meus dedos.
-Não é nada... Apenas não sei como será daqui pra frente, terei missões a cumprir, coisas a fazer, estarei muito ocupado, poderei ficar dias longe...
Eu calei seus lábios com os meus, lágrimas escorregadias teimaram em cair dos meus olhos em seu rosto, fazendo com que ele chorasse também.
-Ele limpou meu rosto com suas enormes mãos que em seguida enxugou na calça, segurou a trança e se sentou de frente pra mim.
-Estaremos sempre juntos, se assim você quiser... -Ele me disse com a voz embargada -Mesmo estando longe estaremos unidos, prometa!
-Claro que sim, prometo, agora e sempre!


Dormimos e quando acordamos já era de manhã. A nossa conversa ainda me assombrava como um pesadelo. Eu estava me esforçando para pensar em outra coisa que não fosse nossa volta. 
Só então percebi o carro parado, estava a uma distância pequena da cabana e já nos esperavam impacientemente.
Tudo o que fizemos foi tomar banho e trocar de roupa, entrar no carro e partir.
Fiquei olhando a cabana até ela sumir nas dunas de areia. Niga sentado ao meu lado olhava diretamente pra frente, o rosto bonito estava distraído, distante, indecifrável e o motorista do carro olhava vez ou outra pelo espelho retrovisor e o rosto era de poucos amigos.
Era como se, ao voltar, ele assumisse de novo aquele personagem assustador, a mesma carranca que ele usava quando nos conhecemos.
A viagem de pouco mais de duas horas passou tão rápido que quando dei por mim, já estávamos entrando no portão  fortemente guarnecido da Fortaleza.
Um arrepio percorreu minha espinha, peguei na mão de Niga e ele deu um leve aperto pra me confortar e soltou rapidamente, e sequer me olhou. Parecia que muita coisa mudaria, e eu teria pouco tempo pra me habituar.


Fomos recebidos com festa e ambos os povos nos esperavam no longo caminho que separa o portão da entrada da Fortaleza, fomos carregados separados por muitas pessoas que nos levaram a mesas de pessoas curiosas querendo saber notícias nossas. Nas mesas de humanos eu podia perceber uma tensão e logo em seguida um certo alívio, ao perceberem que eu, nesses dois meses de ausência, eu não tinha sido dissecada para estudo,  quando nos levaram, nos separaram por portas diferentes, enquanto nos afastávamos eu o olhava mas ele não olhou de volta. Foi um alívio quando a festa terminou, todas aquelas comidas estranhas faziam meu estômago revirar, todas aquelas pessoas fazendo muitas perguntas e falando ao mesmo tempo, minha cabeça latejava.
Quando estava dentro da Fortaleza fui lavada e enxugada como nos velhos tempos e colocaram um lindo vestido verde água até os joelhos, com uma cintura dura como espartilho que afinou ainda mais minha cintura. Meus cabelos foram presos num rabo alto e nos cachos que se formaram, foram penduradas pedras verde- água em forma de pingo. Uma sandália baixa e chique de um lindo tom de dourado foram  calçadas em meus pés.
Imediatamente o "alien" que me ensinava surgiu ali para algumas aulas.


Minhas costas doíam pela coluna estar muito reta à horas, a cintura dura do vestido não permitia que eu relaxasse na postura. Eu aprendia rapidamente, a língua tão estranha era absorvida por minha mente e começava, aos poucos, fazer sentido. Eu comecei a aprender quando me dei conta que certos padrões de sons se repetiam nas palavras, formando símbolos iguais em palavras diferentes, como se fossem as vogais deles.
Quando dei por mim já era noite e meu professor saiu quando o meu jantar chegou, eu estava morta de cansaço, eu só queria subir e dormir enrolada no corpo incandescente de Niga, perguntei por ele e disseram que ele estava ocupado e não viria, que ele comeria por lá mesmo.
Eu devorei rapidamente a torta de frango com azeitona, sozinha no imenso salão principal, quando acabei de comer ainda esperei por uma hora até que alguém aparecesse e me dissesse pra subir pro nosso antigo quarto.
Quando entrei a janela estava aberta e uma brisa fresca deliciosa balançava a longa cortina.
Corri pra ver se Niga me esperava mas ele ainda não tinha chegado.
Soltei os cabelos e cada minúscula pedra, deixei cuidadosamente na beirada da pia do banheiro, o vestido não estava conseguindo soltar as amarras das costas, procurei por uma tesoura que eu sabia que tinha na gaveta da pia e não encontrei.
Quando eu tentava puxar inutilmente as pontas atrás das costas, dedos hábeis começaram a desamarrar uma a uma.

-Você não cortaria esse lindo vestido não é? - Uma gargalhada conhecida ecoou no quarto. Eu quase gritei de alívio e segurei o ímpeto infantil de me jogar nos braços dele e gritar histericamente o quanto eu estava feliz em vê-lo.

Tinha certeza que ele tinha escondido a tesoura em algum momento depois que chegamos.
-Eu o faria em pedaços se tivesse que tirá- lo sozinha- Confessei entre risos.-
Niga me virou de frente pra ele e apoiou seu queixo na minha cabeça e suspirou.
-Senti sua falta- Ele sussurrou no meu ouvido.
Eu ri de nervosismo- Já? -Provoquei-

-Sim, o tempo todo -Ele confessou se afastando e eu pude ver que sua roupa era branca com linhas verdes água, combinando com meu vestido, como antes.
Ele também notou a semelhança das roupas e riu tão deliciosamente que me deu vontade de abraçá-lo e nunca mais soltar...
 Meu porto seguro me olhava e eu olhava de volta, me dando conta de que uma nova vida estava começando e eu tinha certeza que poderíamos superar qualquer obstáculo, desde que ele continuasse a me olhar assim, desde que ficássemos assim sempre juntos, sendo o complemento da vida do outro...

Continua...