(Cap 18) Miniatura
Nos dias que seguiram, criamos uma rotina estranha. Niga saía cedo e chegava bem tarde, quase nem nos víamos. De manhã eu estava dormindo quando ele saía. E as aulas tomavam meu dia todo. E quando não estava estudando toda hora eu era chamada a algum lugar, pra ajudar em alguma tarefa. Mesmo sendo cansativo eu estava feliz em me manter ocupada.
Comecei com tarefas simples como mensageira, dentro da própria fortaleza é claro, eu não tinha permissão de sair sem meu marido. Entregava bilhetes lacrados de uma pessoa à outra, subia e descia escadas, mesmo tendo o elevador, eu preferia exercitar as pernas.
Em uma missão, Niga ficou fora por uma semana, patrulhando o perímetro da cidade e prendendo rebeldes remanescentes da guerra. Alguns deles não aceitavam dividir o planeta, queriam, a qualquer custo, expulsá-los daqui. Mesmo que para isso fossem mortos.
Eu comecei a sentir pena de todos os prisioneiros quando os via sendo trazidos em comboios. Eram tratados com respeito sim, mas tinham a desolação estampada em seus rostos, sabem, como eu sabia, que jamais fugirão. Terão seu orgulho dobrado, até que concordem em fazer a paz, de um jeito ou de outro, assim como eu.
Comecei com tarefas simples como mensageira, dentro da própria fortaleza é claro, eu não tinha permissão de sair sem meu marido. Entregava bilhetes lacrados de uma pessoa à outra, subia e descia escadas, mesmo tendo o elevador, eu preferia exercitar as pernas.
Em uma missão, Niga ficou fora por uma semana, patrulhando o perímetro da cidade e prendendo rebeldes remanescentes da guerra. Alguns deles não aceitavam dividir o planeta, queriam, a qualquer custo, expulsá-los daqui. Mesmo que para isso fossem mortos.
Eu comecei a sentir pena de todos os prisioneiros quando os via sendo trazidos em comboios. Eram tratados com respeito sim, mas tinham a desolação estampada em seus rostos, sabem, como eu sabia, que jamais fugirão. Terão seu orgulho dobrado, até que concordem em fazer a paz, de um jeito ou de outro, assim como eu.
Mas, eu temia, que não se casariam, sua transição será mais difícil, serão prisioneiros por tempo indeterminado. Muito tempo de clausura pode quebrar a mente de um homem, principalmente aqueles que nasceram livres. Um dos prisioneiros, me chamou atenção em particular, ele estava sendo levado a pé, cruzou o olhar comigo quando passou por mim em um dos labirintos de corredores, escoltado por dois aliens. Fiquei olhando meio paralisada. Ele andava com a cabeça erguida, não devia ter mais de trinta anos, o corpo era de um guerreiro, sua face tinha uma enorme cicatriz, mas que não o deixava feio, seria um homem atraente até, se não fosse o ódio no olhar, sua pele bronzeada dizia que passou muito tempo escondido no deserto, o que dizia que era forte, o deserto é um lugar onde os fracos não têm vez, sua pose desafiava a qualquer um a dizer o contrário. Fiquei condoída ao imaginar quanto sofrimento precisaria para que fosse submetido contra sua vontade férrea. Ninguém merecia ter que lutar pra ter direito de viver livre na terra onde nasceu.
Quando lembrei de olhar de novo, por cima dos ombros, ele me encarava, como se quisesse me dizer algo, mas foi impedido, empurrado para dentro de uma sala e a porta foi fechada atrás deles.
Fiquei o dia todo com aquela cena na minha cabeça. Com Niga ausente, eu procurava qualquer coisa pra me distrair, para que o tempo passasse mais depressa. Se fosse em outros tempos, uma simples mensagem de texto bastaria pra amenizar a saudade. Mas com a conquista, todos os tipos de comunicação foram cortadas, todos os aparelhos confiscados. Eles tinham seu próprio método de se comunicarem, mas aos humanos era totalmente proibido. Era como um telefone celular comum, mas muito complicado de usar. E só funcionava com leitura genética, o que impossibilitava de ser utilizado ou roubado por outra pessoa.
Parecia que cada célula do meu corpo clamava por Niga, quando dormia era seu rosto que via em meus sonhos, até que eu desistia de tentar dormir e andava em círculos pelo quarto até amanhecer.
Durante o dia eu era tratada com uma fria cortesia. Mas eu já nem me importava tanto, desde que estivesse fazendo algo pra ajudar alguém.
Quando fui chamada para ajudar na ala das crianças eu fiquei pasma alguns segundos, tentando entender.
-Vocês confiam em mim para isso? Não têm medo que eu os machuque?- A mulher alien que veio me buscar ficou parada uns instantes.
-Você não estará sozinha, terá outras com você, algumas mães também. então acho que fará o seu melhor.- Ela acrescentou com um forte sotaque, sorrindo entre dentes.
-Se você não matou Niga, creio que os bebês estão à salvo...
Parecia que cada célula do meu corpo clamava por Niga, quando dormia era seu rosto que via em meus sonhos, até que eu desistia de tentar dormir e andava em círculos pelo quarto até amanhecer.
Durante o dia eu era tratada com uma fria cortesia. Mas eu já nem me importava tanto, desde que estivesse fazendo algo pra ajudar alguém.
Quando fui chamada para ajudar na ala das crianças eu fiquei pasma alguns segundos, tentando entender.
-Vocês confiam em mim para isso? Não têm medo que eu os machuque?- A mulher alien que veio me buscar ficou parada uns instantes.
-Você não estará sozinha, terá outras com você, algumas mães também. então acho que fará o seu melhor.- Ela acrescentou com um forte sotaque, sorrindo entre dentes.
-Se você não matou Niga, creio que os bebês estão à salvo...
Eu fiquei olhando suas costas até se afastar, e só então me lembrei de segui-la.
Na ala das crianças eram mais de duzentos bebês, todos fortes e robustos, rechonchudos e sorridentes.
Fiquei observando cada um. Alguns choravam a plenos pulmões e as chamas apareciam é claro. Se fosse numa outra vida eu teria me assustado, mas essa nova Susan está diferente, ligada á essa característica intimamente. As chamas estavam presentes em todos os momentos, até na hora de amar. Um bebê chamou minha atenção em particular, ele tinha menos de um ano, os olhos tão verdes e grandes, nessa idade em que está aprendendo a engatinhar, olhou pra mim e sorriu, não um risinho qualquer, uma gargalhada. Eu ri junto, me aproximei de seu berço e ele estendeu os bracinhos, para que eu o pegasse.
Eu o levantei do berço e o embalei, cantarolando baixinho, até que ele adormeceu segurando minha mão. Seu corpinho lindo, tão saudável e quente, ressonava junto ao meu corpo. Fiquei observando sua respiração que subia e descia, extasiada.
Fiquei observando cada um. Alguns choravam a plenos pulmões e as chamas apareciam é claro. Se fosse numa outra vida eu teria me assustado, mas essa nova Susan está diferente, ligada á essa característica intimamente. As chamas estavam presentes em todos os momentos, até na hora de amar. Um bebê chamou minha atenção em particular, ele tinha menos de um ano, os olhos tão verdes e grandes, nessa idade em que está aprendendo a engatinhar, olhou pra mim e sorriu, não um risinho qualquer, uma gargalhada. Eu ri junto, me aproximei de seu berço e ele estendeu os bracinhos, para que eu o pegasse.
Eu o levantei do berço e o embalei, cantarolando baixinho, até que ele adormeceu segurando minha mão. Seu corpinho lindo, tão saudável e quente, ressonava junto ao meu corpo. Fiquei observando sua respiração que subia e descia, extasiada.
Na minha vida anterior eu não tinha jeito com bebês, eu queria tê-los é claro, pelo menos uns dois. Mas cresci sem irmãos ou irmãs, não tinha noção desse amor incondicional e depois de alguns anos tentando engravidar, eu tinha desistido, no fundo eu sabia que teria filhos apenas para alegrar Diogo ou meu pai. Para mim não era algo que faltava, seria algo que viria a complementar, estava tudo bem se não conseguisse. Mas quando engravidei esse sentimento mudou, era o meu milagre, eu já o amava intensamente, meu coração batia junto com o seu, o dele mais rápido, palpitante, me lembrando a todo momento o quanto era afortunada por esse privilégio de gerar um novo ser, nada mais fazia sentido, como se eu de certa forma fosse vazia anteriormente e só então preenchida com algo valioso. Mas ele não teve chance de nascer. Meu sonho e meu milagre viraram sangue, se desfazendo dentro de mim. Fiquei olhando o bebê no meu colo e comecei a lembrar que eu nunca teria esse momento, não amamentaria, não iria embalá-lo durante o sono. Ele estava morto.
Morto, irrevogavelmente.
Morto, irrevogavelmente.
Senti as lágrimas surgindo do fundo, brotando calmamente e se transformando em seguida numa torrente. Eu não consegui me conter, devolvi o bebê ao berço e saí sem enxergar direito, lutando contra o desespero crescente dentro de mim.
Não sei como cheguei ao quarto, me lembrei de ter me deitado e piscado os olhos, quando os abri novamente já era de manhã. Minha cabeça doía miseravelmente. A luz do sol entrava pela janela e banhava o quarto, Meus olhos tentavam se acostumar com a claridade faiscante. Niga parado na janela, olhava o horizonte, quando ele percebeu que eu tinha acordado, ele virou imediatamente e veio em minha direção sentando na cama.
Meu coração saltou de alegria, me saltei em seu pescoço e o apertei, beijei e chorei.
Ele esfregava minhas costas e sussurrava palavras ininteligíveis em meu ouvido, me acalmando.
Quando me acalmei ele ainda me olhava nos olhos preocupado.
Me dei conta que como tinha me comportado, estava histérica.
-Se eu soubesse que seria recebido assim, teria vindo mais cedo- Ele me disse me estreitando num abraço de urso,
-Senti sua falta e sonhei com você- Eu gaguejava.
-Eu também -Ele me disse me beijando profundamente.
Meu coração saltou de alegria, me saltei em seu pescoço e o apertei, beijei e chorei.
Ele esfregava minhas costas e sussurrava palavras ininteligíveis em meu ouvido, me acalmando.
Quando me acalmei ele ainda me olhava nos olhos preocupado.
Me dei conta que como tinha me comportado, estava histérica.
-Se eu soubesse que seria recebido assim, teria vindo mais cedo- Ele me disse me estreitando num abraço de urso,
-Senti sua falta e sonhei com você- Eu gaguejava.
-Eu também -Ele me disse me beijando profundamente.
Quando o olhei, quando meus olhos se ajustaram a claridade, meu coração batia tão alto que eu o ouvia martelar nos ouvidos. Niga me olhava com certa antecipação no olhar, que mandava fogo dentro de mim, me lembrando que esse sentimento tão primitivo, tão puro, ainda era uma novidade deliciosa dentro de mim. Toda ânsia e desejo num só beijo. Nossos corações acelerados, nos conduziu a uma incrível manhã, cheia de desejos satisfeitos.
Depois de um tempo nos afastamos, somente para terminar de tirar a roupa e deitar novamente. ele me puxou pro seu corpo e ficamos enroscados um longo tempo sem dizer nada, esperando nossos corações voltarem ao batimento normal. nossa pele estava pegajosa mas ele cheirava tão bem, apoiei a cabeça num braço e fiquei olhando-o. Quando ele percebeu que eu olhava ele sorriu de volta seu sorriso mais lindo, que me fez chorar novamente. solucei até a cabeça doer e só então me afastei.
Estava com a cabeça doendo e os olhos inchados. ele me olhava e falou, como sempre, sem rodeios.
-Podemos ter um bebê se você desejar. -Eu chorei novamente me dando conta do que estava acontecendo.
-O quê? -Perguntei meio tonta.
-Um ou meia-dúzia, quantos você quiser, não me importo quantos sejam, desde que sejam nossos.-
Ele sorria e eu sorri de volta, um sorriso meio soluço. muito aliviada, imaginando um lindo Niga em miniatura...
Estava com a cabeça doendo e os olhos inchados. ele me olhava e falou, como sempre, sem rodeios.
-Podemos ter um bebê se você desejar. -Eu chorei novamente me dando conta do que estava acontecendo.
-O quê? -Perguntei meio tonta.
-Um ou meia-dúzia, quantos você quiser, não me importo quantos sejam, desde que sejam nossos.-
Ele sorria e eu sorri de volta, um sorriso meio soluço. muito aliviada, imaginando um lindo Niga em miniatura...
Continua...
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