Sejam bem vindos ao meu blog!

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domingo, 29 de novembro de 2015

 (Cap 11) Revelações no Jantar

Acordei suada e pegajosa, o lençol embolado no meu corpo, e com aquela sensação de ter dormido demais.Me remexi na cama e então me lembrei onde estava: No quarto de Niga, ou melhor, no nosso quarto!
Olhei ao redor e no espaço vazio ao meu lado e bocejei com alívio. Eu estava sozinha na enorme cama. Peguei o roupão no móvel ao lado da cama e vesti-o. Caminhei até a janela branca e olhei pro céu, seria mais um dia quente e suarento como todos os outros.
Tomei banho sozinha e me vesti com a primeira roupa que encontrei, um vestido longo e preto de tecido suave, um dos presentes de casamento também, sem dúvida! Me olhei no espelho enorme do banheiro e pude contemplar como o vestido caiu bem, realçando minha pele branca e suave.
Não calcei nenhuma sandália nos pés e andei alguns minutos descalça no chão de pedra fria. 
Meus cabelos vermelhos estavam soltos pra secarem naturalmente. Odiava as ocasiões em que tinha que prendê-los, me causavam uma dor de cabeça terrível!

Fiquei explorando o enorme aposento, abrindo gavetas, caixas, nem percebi as horas passarem. Dei por mim somente quando uma mulher "alien" me chamou num tom alto e ríspido, como quando chamamos alguém várias vezes sem conseguir atrair a atenção da pessoa. Eu a olhei e vi as chamas azuis passarem rapidamente por seus olhos, ela piscou e as chamas sumiram, ela reassumiu o controle e repetiu;
-O comandante Nigan deseja falar-lhe durante o jantar dessa noite.
Eu a olhei como uma idiota.
-Mas nem tomei...
-Café da manhã!- Ela completou.-Estranho nome para a refeição primeira.
Me jogou uma maçã que peguei no ar.
Dei uma dentada desconfiada. Mastiguei e engoli.
-Mas nem sei...nem sei o que vestir, onde ir...
Ela riu, ou talvez zombou de mim no seu íntimo, com um meio sorriso.
-É por isso que estou aqui.

Ela me puxou para o banheiro onde fui lavada, escovada, penteada e vestida. Ela ficava me contando várias coisas sobre eles, como, por exemplo, eu deveria deixar os mais velhos comerem primeiro, como as bebidas eram servidas, e como deveriam ser degustadas.
Ela me ensinava a "etiqueta" social deles. E continuou em um sermão longo e cansativo que eu não consegui absorver quase nada.
O sotaque dela também não deixava que eu aprendesse muito, toda hora eu tinha que ficar pedindo que ela repetisse e então as chamas assustadoras apareciam e então, na terceira vez desisti e liguei o piloto automático.
Bastava que eu balançasse a cabeça e pronto.
Quando ela terminou ela me virou de frente pro espelho e pude ver maravilhada a minha transformação.

A beldade do espelho tinha os cabelos vermelhos trançados em cascata com minúsculas flores e pedrinhas furta cores e brilhantes entremeadas nos fios. O vestido roxo delineava cada curva, com uma leve calda.
No pescoço brilhava um colar das mesmas pedrinhas cintilantes dos cabelos, e uma ametista enorme pendurada no colo, realçava a pele branca.
-Nossa! Falei sozinha no espelho.
-Ele tem... como dizem vocês? Minha transformadora pensou um pouco.
-O que?- Perguntei cautelosa.
-Sorte. -Me pegou pela mão antes que eu respondesse e me arrastou por corredores e salas, quartos e escadas e me perdi totalmente, jamais conseguiria retornar sozinha.

Quando chegamos a um imenso salão branco ela parou, me olhou nos olhos e apontou a frente.
Eu olhei e não vi nada, apenas colunas de pedra branca num imenso terraço. A vista impressionava, ali era possível ver a cidade toda, pequena no horizonte.
Ela fechou as portas de vidro enormes que eu sequer tinha notado, bem atras de mim, e em seguida as cortinas brancas.
Eu andei alguns passos a frente e então o vi.
Ele bebia uma bebida e olhava relaxado na postura, de costas para mim. Observava a paisagem.
Os cabelos estavam molhados e trançados no estilo "viking", com três tranças finas nas laterais, que se juntavam com o resto dos cabelos no alto da cabeça e descia num rabo de cavalo.
As roupas eram impecáveis e brancas, contrastando elegantemente com meu vestido roxo.
Não sabia se devia me anunciar ou esperar que me notasse, eu não conseguia me lembrar da regra de etiqueta nesses casos.

-Boa noite, Susan! -Ele me cumprimentou ainda de costas.
-Boa noite! Disse educadamente mas com uma fria polidez.
Ele se virou e me olhou nos olhos e mostrou a cadeira no lado oposto da pequena mesa oval.
Os talheres, as taças  e os pratos eram pretos e brilhantes, de um metal que não existe na terra. 
Me sentei reta e o olhei as comidas dispostas na mesa. Coisas estranhas e ainda vivas se mexiam nas travessas, uma travessa cheirava deliciosamente a carne assada. Seria essa que talvez eu experimentaria.
Ele se serviu de mais bebida, e um cheiro delicioso de canela invadiu meu nariz. Eu fiquei parada e observava o pomo de adão subir e descer com cada gole, um atras do outro.
-Você deve se alimentar!- Ele disse me olhando nos olhos de um jeito frio que gelou meu corpo.
-Não estou com fome! -Menti o melhor que pude, mas meu coração acelerou com a mentira e a voz saiu como de uma criança birrenta.
Os lábios lindos e perfeitos se curvaram nos cantos, mas seus olhos não sorriam.
Ele estava zangado, muito zangado!
-Ha, por favor! Posso ouvir seu estômago parcialmente vazio se retorcer. -Ele disse a última palavra entre dentes.
Ele ficou de pé e deu a volta na mesa, destampou a travessa que cheirava deliciosamente e cortou um pedaço grande e suculento, colocou no meu prato e cambaleou.
Eu fiquei parada e pensei em estender a mão, mas antes que caísse ele se sentou novamente.
Eu fiquei observando sem ação sem entender muito.
-É apenas galinha, coma logo! Ele me disse irritado.
Eu peguei o talher estranho, que parecia um garfo com um dente só e comecei a comer devagar e então mais depressa, era mesmo galinha e estava deliciosa!

Eu podia senti-lo me observando enquanto eu comia de cabeça baixa.
Ele não disse nada enquanto não empurrei o prato sinalizando que tinha terminado de comer.
A taça foi cheia com a mesma bebida que ele bebia sem parar. O prato dele ainda vazio me preocupava de um jeito que eu não compreendia muito bem.
-Você não vai comer? -A pergunta escapou antes que eu tivesse pensado.
-Não. -Disse simplesmente.
Eu bebi um gole da bebida e senti minha cabeça girar e a língua pinicar. Uma sensação estranha de leveza tomou conta de mim, fez com que eu lembrasse das drogas do hospital.
-Vá devagar, pode ser estranha pra você. -Ele ficou de pé e andou até o enorme terraço e acenou para que eu fosse até ele.
Eu  larguei a bebida na mesa e dei alguns passos vacilantes em direção a beirada.
Ele olhava o horizonte e não via, estava preocupado demais, e eu tinha certeza que nossa situação o aterrorizava também.
-Você vai começar a aprender sobre nós. -Ele me disse sem me olhar, ficou calado tanto tempo que me perguntei se ele tinha me esquecido ali.
-Eu...está bem. -Concordei.
Ele se virou finalmente e pegou minhas mãos entre as suas. suas mãos estavam geladas e tremiam e isso me apavorava também.
-Temos que fazer funcionar... você entende? -Ele sussurrou as palavras tão próximo que senti seu hálito de canela em meu rosto.
-Si-sim! -Respondi fraca.

Ele soltou minhas mãos e segurou meu rosto fortemente, quase me machucando. me avaliava de cada lado do rosto. Eu senti lágrimas brotarem em meus olhos e fiquei com raiva por ser tão transparente nas emoções.
Ele relaxou um pouco o toque mas não me soltou. Quando uma lágrima escorreu ele limpou com um dedo e só então pareceu ter retornado ao seu estado normal, se é que ele tinha um!
-Não vou machucar você! -Ele me disse virando as costas.
-Fomos escolhidos por um bem maior que nós dois: a união de duas raças!
-Eu sei...gaguejei.
-Não sabe! Você não sabe de nada!Aquele saco de ossos é sagrado e raro, um presente inestimável e estava jogado no chão do meu quarto! Ele explodiu e as chamas dançavam nos seus lindos olhos.

Então o jantar era pra isso! Pra dar bronca! Esqueci do medo quando senti a fúria crescer dentro de mim!
-Pro inferno você e toda essa situação! Odeio você, odeio sua gente e odeio esse lugar!
Não consegui suportar mais a tensão e desabei no chão e chorei.
Chorei por tudo novamente, as feridas reabertas, sangraram e minha alma doeu.
Ele se aproximou de mim em dois passos e me ergueu do chão e seus olhos ainda brilhavam assustadoramente.
Tudo que pude sentir foi raiva ao ver aquele rosto me encarando. Ergui a mão lá atras e dei o tapa mais forte que consegui.
Seu rosto virou com a força do tapa e ele cambaleou, me livrando do seu aperto.
-Muitos morreram por menos! Ele me disse e então caiu sentado, parecia realmente bêbado agora.
-Seria mais fácil! Ele disse me encarando e as chamas sumiram.
Ele ficou de pé e me olhou distante, como se temesse outro tapa ou talvez, sua própria reação. parecia acuado e com medo.
-O que seria mais fácil? Talvez devesse mesmo me matar! -Eu gritei a plenos pulmões.
Ele me olhou nos olhos e caminhou até mim lentamente, parecia um felino grande, um lince talvez, indo até a presa.
-Seria mais fácil... se eu não sonhasse com você! E tirou um chocolate embrulhado do bolso e colocou na minha mão.

Eu fiquei ali parada vendo-o se afastar, abrir a porta e sair e só então me lembrei de fechar a boca.

Continua...






(Cap 10) Estrela Peculiar

Faltando dez dias para a cerimônia começaram a chegar diversos presentes. Capitães, soldados, humanos também, enviavam uma série de presentes. Coisas úteis como roupas frescas, velas perfumadas, cortinas brancas, prendedores de cabelo com pedras preciosas, lençóis bordados, ventiladores, coisas que lotavam a minha cela. Coisas estranhas também chegaram, como por exemplo, um monte de ossinhos num saquinho, que quando abri, quase morri de susto e joguei longe.
Eu abria cada um e matava a curiosidade e depois abandonava-os aonde quer que caíssem.

Na manhã seguinte fui informada de que eu estava mudando de aposento. Parecia que não era mais adequado uma pessoa da minha importância ainda morar numa cela. Me levaram vários andares acima, numa ala restrita e bem mais espaçosa. O branco predominava também, mas era possível notar o luxo do ambiente, semelhante aos salões do Alto Comando.
Fui levada até um quarto no fim do corredor, a porta grande foi aberta e eu levada pra dentro com um batalhão que arrumou minhas coisas rapidamente. Tudo foi arrumado no guarda roupas e nas cômodas dispostas na longa parede branca.
Saíram na mesma rapidez que entraram fechando a porta em seguida. fui testá-la só pra ter certeza e ri. Totalmente trancada. Parecia que eu não poderia ficar explorando por ali.

Depois de tomar banho e me secar, vesti uma longa camisola de seda branca, tinha vindo junto com os presentes de casamento e eu me vi alisando o tecido suave. Era tão bom estar longe da cela pequena que sorri sozinha. Olhei meu reflexo no espelho e notei as bochechas levemente rosadas. A minha saúde estava totalmente recuperada graças a bebida verde que me faziam beber todo dia pela manhã.  O fluxo de sangue não voltara mais e a dor na região intima tinha sumido por completo, como se eu nunca tivesse perdido uma criança e algo me dizia que meu fluxo não voltaria mesmo depois do casamento. Meus cabelos  brilhavam e tinham recuperado o brilho e maciez. Na pressa de procurar um pente pros meus cabelos, fui abrindo todas as gavetas e me deparei com aquele mesmo saquinho horripilante de ossos novamente. Gritei apavorada e joguei em cima da enorme cama.

Decidi procurar no banheiro e fui abrindo as gavetas do armário de toalhas. Ele estava cheio de coisas estranhas como um vidro cheio de minúsculas borboletas vivas, um livro preto escrito muitas coisas numa escrita impossível de decifrar, um cilindro que brilhava como uma lanterna que ao tocar, projetava a imagem de várias estrelas lindas e coloridas, umas brilhavam distantes demais, outras tinham uma névoa rosada que as envolviam e pareciam dançar na parede branca, mas uma chamou a minha atenção particularmente. Ela não brilhava como as outras, ela tinha um brilho azul fraco como se a qualquer mmomento fosse se apagar, fiquei triste por ela.
Resolvi guardá-lo no mesmo lugar que havia pegado, fosse de quem quer que  fosse esse quarto, ele não gostaria de ser bisbilhotado.
Penteei meus cabelos e caí na cama, não tinha nem escurecido mas me deixei levar pelo cansaço.


Quando acordei percebi mais alguém no quarto e me assustei.
-Quem está aí?- Perguntei  sentando rapidamente na cama fazendo minha cabeça girar. Caí pra trás e fiquei esperando a tontura passar. -Deveria ter dormido menos, disse pra mim mesma.- A lua já estava alta no céu vista pela enorme janela.
Quando levantei novamente, notei o saquinho de ossos dispostos no meu criado mudo e me encolhi.
Cambaleei fora da cama e a sombra perto da parede se moveu.
Eu estava frente a frente com meu noivo. Ele me olhava de um jeito diferente, talvez cansaço.
-O que faz em meu quarto? Ele riu.
-O que é tão engraçado? Ele cruzou os braços e se sentou na cama.
-Me diga você, esse é o meu quarto!
-O quê? Ele riu de novo.
-Parece que dormiremos aqui a partir de hoje, não crie caso, estou cansado!
Ele disse retirando as botas e colocando-as cuidadosamente no chão.
Eu fiquei parada olhando-o como tinha rapidez em fazer tudo oque se propunha a fazer. Percebi que encarava descaradamente e fiquei constrangida.
Ele virou de frente para mim e me olhou com um olhar estranho que me deu medo. -Não precisa ficar parada aí, pode se deitar se quiser! -Ele disse ríspido.
-Nã-não, obrigada!- Gaguejei.
Ele se aproximou e me sentou na cama com firmeza.
-Só tem uma cama que teremos que dividir, queremos ou não! Eu não mato você desde que você não tente me matar enquanto durmo, e não tente nada estúpido com sua mente estúpida ou vai se arrepender mui-tis-si-mo! -Ele soletrou a última palavra e duas chamas brilharam assustadoramente nos seus olhos.
Eu congelei na posição que estava e ele ficou me olhando impaciente.
-O que quer de mim? -Perguntei segurando o choro.
-Você não disse que compreendeu...
-Eu com-pre-en-di! -Retruquei.
-Ótimo!- Ele me disse deitando na cama de bruços e dormindo logo em seguida.

Podia escutá-lo ressonar tranquilo e pausadamente, o que indicava que dormia profundamente. De vez em quando ele dizia algo ininteligível naquela língua estranha, como se sonhasse com alguma coisa. Uma coisa boa, porque ele sorria e se mexia muito na enorme cama.O riso desfazia a carranca habitual e mostrava os traços perfeitos do rosto bonito. Um rosto lindo e suave, como de um garoto. As vezes eu me esquecia que ele também é jovem, da minha idade, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos, mas assim como eu, um escravo do dever.
Resolvi me deitar na beirada da cama para não incomodá-lo e acabei adormecendo e sonhando com estrelas e uma com uma luz diferente e peculiar.






sábado, 21 de novembro de 2015

(Cap 09) "Reconquista"

Minha cabeça estava um turbilhão, eu não conseguia raciocinar, não sabia nada de meu "noivo" e isso me apavorava ainda mais. Ele continuava sendo assustador, representa tudo que perdi até agora, e me imaginar me unindo com ele em uma união como o casamento, faz meu estomago revirar. Era difícil saber o que se passava na cabeça dele: Surpresa, raiva, talvez ele me odiasse tambem, o que não será nada fácil pra nós dois. E imaginar que nossos corpos se encontrarão, nus, na mesma cama, me faz arrepiar, e não de um jeito bom. Nunca me imaginei com outro homem que não fosse Diogo meu marido, ele era tudo pra mim, tudo que eu precisava e ansiava. Era ele que fazia meu coração acelerar com um beijo... E imaginar que nunca mais vou vê-lo, faz meu coração em estilhaços, falhar perigosamente. Talvez eu morra na cerimonia, e imaginar a situação me faz rir; tanto esforço da parte deles pra terminar assim, por uma fatalidade do destino, não deixa de ser engraçado, de um jeito totalmente mórbido!


Eu continuei minha rotina diária por uma semana, acordar, tomar banho, comer, beber, caminhar. Nenhuma palavra dele, nenhuma visita, nada. Eu não sei o que realmente queria que ele fizesse. Muita coisa depende de nós dois e ele parece não se importar. E a angústia de não saber o que se passa na cabeça dele me corrói por dentro. Talvez devesse confrontá-lo, perguntar diretamente, mas me sobra covardia e me falta juízo! Não saberia dizer qual seria sua reação, talvez me xingasse, ou talvez me atirasse pela cela pra me arrebentar no piso dezesseis andares abaixo. Ninguem jamais saberia, ele diria apenas que não suportei a dor, que fui vencida pelas perdas recentes. Ninguém ousaria questioná-lo, ninguem choraria por mim.
Mandei vários recados informais, pedi e implorei que falassem com ele, que ele viesse me ver, mas nada! Nenhum  bilhete, nenhuma palavra.
O que quer passasse pela cabeça dele, pelo jeito, eu só saberia quando ele quisesse.

Tudo estava muito bem, os humanos já tinham direito de ir e vir, tropas e mais tropas aliens patrulhavam dia e noite todo o território e o deserto também. Por causa da aliança, eles estavam ensinando sua tecnologia e conhecimento para os humanos, não que fossem mais avançadas, simplesmente por ser diferente.
Eles também aprendiam conosco muitas coisas, como por exemplo a relaxar, já era possível passar por eles e vê-los com aquelas chamas assustadoras nos olhos e rindo.
Casas tinham sido reconstruídas, tudo indo bem demais, mas em troca, todo homem em idade produtiva deveria se apresentar ao exercito, ambos os lados formariam um único exercito, eles estavam se fortalecendo, unindo forças. Nas escolas, crianças alienígenas começavam a estudar com as crianças humanas, na verdade dava pra perceber perfeitamente o que eles estão fazendo. Estão aprendendo tudo o que podem sobre nós, em todas as idades e fases da vida. E isso é muito inteligente, conhecer as forças e principalmente as fraquezas dos inimigos. Eles não querem ser pegos de surpresa em nada, eles querem antecipar qualquer coisa que leve a uma rebelião, a uma "reconquista". Nos hospitais muita gente foi beneficiada por sua medicina quase milagrosa.
Não tinha sentido falta dos bebês deles até eles aparecerem. 

Vieram numa nave diretamente pra dentro da fortaleza, com guardas muito bem armados. Vi alguns pais reencontrando seus bebês e não pude deixar de achar fofo! Alguns esperavam com um buquê de rosas minúsculas amarelas e acenavam pra eles antes de desembarcarem. Outros esperaram até estar fora de vista dos curiosos pra correrem pra eles e pegá-los no colo como qualquer humano faria. Uma cena linda que ficou na minha mente o dia todo.
Adormeci com lindos rostinhos rosados com olhos assustadores povoando meus pensamentos.

Sonhei que embalava um bebê com uma linda canção de ninar mas não adiantava, ele continuava a chorar muitíssimo. Meu coração doía, tinha pena do pequeno, o que o deixava tão triste? Eu daria a ele qualquer coisa pra fazê-lo feliz! Levantei ele no colo, e ele abriu os olhos e respirou fundo, finalmente tinha se acalmado! Eu comecei a dizer coisas bobas a ele e elogiá-lo, dizendo como era lindo, gordo e como cheirava tão bem, ele sorria e babava mordendo sua pequena mão rechonchuda. De repente seus olhos começaram a brilhar e ele começou a chorar novamente; uma pequena chama brilhava e me assustou, quase derrubando-o. Eu tinha medo sim, mas meu amor por ele era maior e então comecei a cantar novamente e ele foi se acalmando até que dormiu.
Era meu filho, eu podia sentir isso, meu filho alien...
Acordei suada, tremendo, ainda cantarolando a canção mentalmente.


Quando desisti de falar com ele, ele resolveu aparecer. Ele trajava roupas diferentes agora, o traje branco tinha sido trocado por um preto, e me fazia lembrar de uniforme de piloto de formula um sem aquelas propagandas. Os cabelos estavam limpos e dividos com um coque no alto da cabeça e o resto solto nas costas. Suas botas eram as mesmas de sempre. Ele cheirava a limpeza e algo mais impossível de decifrar.
Ele continuava parado me olhando e eu comecei a me revoltar, ele me olhava como se eu fosse culpada por tudo... Como eu o odiava!
Notei também que sua espada também sumira, ele não precisava mais dela, afinal tinha ganhado a guerra.

Resolvi começar do começo. -Eu, eu...
-Fale duma vez!- Ele falou impaciente.
-Eu...- Eu estava pensando o que dizer, agora que o via parado na minha frente, parecia que todas as palavras tinha sumido.
-Sim, você!-Ele respondeu ríspido.
-O que vamos fazer? Não podemos...
-Sim, podemos e iremos!
-Seria melhor...-Tentei dizer.
-Os humanos nunca sabem o que é melhor pra eles! -Ele disse se aproximando de mim devagar, segurou meu queixo e me olhou diretamente nos olhos. Apesar do toque gentil eu podia sentir sua mão tremer, como se tentasse controlá-la para não me machucar.
-Nós obedecemos, não fugimos por razões egoístas! -Ele disse e me soltou virando as costas pra mim. Deu passadas longas até a porta, parou e virou novamente pra mim.
-Teremos duas celebrações e viveremos juntos, pelo bem de todos.-Ele enfatizou as últimas palavras.
Fiquei ali parada e zonza, sem saber o que fazer dalí pra frente.

Continua...


terça-feira, 17 de novembro de 2015

(Cap 08) Compatíveis!

Tentei me mexer na cama e o vão das minhas pernas doeu e repuxou, lembrei da perda do meu bebê e da limpeza que tiveram que fazer depois. Minha cabeça latejava e minha garganta doía ressecada demais. Abri os olhos e a luz da manhã os feria. Cambaleei até o pequeno banheiro e olhei no espelho piscando muitas vezes para os meus olhos se acostumarem.
Eu vestia uma camisola branca e mais nada, meus pés estavam descalços e a pedra do chão muito fria. Minha palidez estava de volta, eles tinham ótimos remédios para pele, nenhum sinal aparente de minha longa exposição ao sol.
Uma mesa surgira ao lado de minha cama e em cima dela o desjejum, leite, mingau de aveia e suco de laranja. Um copo com um liquido verde tambem estava sobre a mesa e ao lado um papel que dizia Beba! Na mesma hora senti o fluxo de sangue parar.Só liquido, eles queriam que eu pegasse leve. Parecia que queriam que eu me recuperasse.
Depois de tomar banho ajudada como sempre, me vestiram um lindo vestido de tecido leve, parecia seda mas não era, de um tom lindo de turquesa e com mini pedras douradas emoldurando o decote bonito, uma roupa linda e cara, feita para o calor do deserto, e eu fiquei imaginando a ocasião que eu precisaria de uma roupa assim...
Nos pés calçaram uma linda sandália da mesma cor do vestido e tentaram prender meu cabelo e eu protestei. Minha cabeça ainda doía e eu não aguentaria meus cabelos presos.
Fui levada pelo longo corredor, só que eu subi e subi ao invés de descer, até parar em um longo corredor com uma imensa porta no final, onde estava escrito em alto relevo: Alto comando. Escrito em português e em idioma Alien, algo impossível de decifrar, mas imaginei que era a mesma coisa nas duas línguas.
Quando a porta se abriu, fui conduzida até uma ampla mesa, que do outro lado já era ocupada por várias pessoas, homens e mulheres, todos ricamente vestidos, e em pé, ao lado, humanos comuns, e alguns chefes do antigo governo de meu pai.Sorri pra um velho conhecido, finalmente um rosto familiar. Mas tudo que ele fez foi acenar de volta. com um alívio visível no rosto, mas com medo talvez de se aproximar, afinal eu era uma propriedade do inimigo agora, não pertencia ao seu mundo.

Tudo começou a fazer sentido agora, parecia que eu iria saber o que fariam comigo, qual seria minha punição. Meu destino finalmente seria decidido.
Eles ficaram me olhando, era óbvio que eu estava diante do alto comando. Mas apenas um falou, o mais velho entre eles. Sua cabeleira era branca ao invés de castanha ou negra, como era o da maioria, e quando ele falou todos se silenciaram.
Sua roupa era branca e bordada e ele ficou de pé, deu a volta e parou na minha frente, pegou minhas mãos nas suas e me deixou em pé.
-Aqui está ela, a humana que trouxemos conosco quando atacamos o governador, ela foi trazida com um propósito...
-Ela foi sequestrada!-Gritou uma voz conhecida, o mesmo homem que me cumprimentou! Minha cabeça girou pelo esforço de ficar em pé e meu corpo vacilou, eu me sentei pra não cair.
O homem que segurava minhas mãos olhou para o homem que ousou interrompê-lo e duas chamas dançavam no lugar de seus olhos e o humano vacilou.
-Eu estava dizendo...-Continuou como se não tivesse sido interrompido- Ela é o caminho para a paz, através dela tudo vai mudar, a união de duas raças, ela se casará com um de nós para selar a paz, um mais valoroso entre todos nós...Ele me olhava e olhava em volta procurando alguém nas pessoas presentes.-Ela se casará com Niga! E todos exclamaram com espanto, homens e alienígenas.

Meu choque foi tamanho que eu não falei e esqueci de respirar, todos falavam ao mesmo tempo e toda a dor voltou como uma avalanche.
Quando parecia que nada pior podia acontecer aconteceu, eu estaria ligada pra sempre com o inimigo, nunca voltaria pra casa, nunca seria eu mesma novamente.
Tudo que fiz foi chorar, chorar e chorar.
O homem que interrompeu deu um passo a frente e  gritava feito louco no meio do vozerio.
-Ela vai cair, pelo amor de Deus, isso não é possível, façam alguma coisa...
Então todos se silenciaram quando Niga entrou no imenso salão. Ele trajava a roupa branca de sempre, a longa espada estava presa a cintura e o único adorno era algumas pedras preciosas presas nos seus cabelos trançados. Parecia que todos se arrumam para ter com o conselho. Tudo nele exalava autoridade, um "homem" a ser temido e obedecido.
Ele parou na frente do alto comandante e acenou levemente com a cabeça cumprimentando-o.
-Não falta mais ninguém, o casamento, como vocês chamam, de Niga e Susan, selará a paz...
Ele me olhou surpreso e olhou o alto comandante, ele também foi pego de surpresa, ao que parecia...
-Isso é impossível, como vamos saber se são "compatíveis"? O mesmo humano perguntou.
O alto comandante sorriu e chamou alguém do fundo do salão.
-Como muitas questões foram levantadas, saibam que pra medicina nada impede essa união, os corpos são muito parecidos, apenas algumas características nos diferenciam...
-Vocês estão falando do ato sexual?- Gritei a plenos pulmões. -Todos os olhares caíram sobre mim.
-Isso nunca acontecerá, porque antes eu prefiro morrer!- Cuspi as palavras.
Os humanos me olhavam orgulhosos de minha ousadia, o alto comandante me olhava como quem olha pra uma criança birrenta. Niga olhava pra mim com os olhos frios e a carranca tinha voltado ao seu rosto.
-Está decidido! Vamos selar a paz, com dois casamentos, um no ritual de vocês e outro no nosso pra não restar dúvida alguma...
-Eu acabei de perder uma criança, eu, eu...-Gritei!
-É claro, sabemos suas limitações físicas do momento, mas você é jovem e se recuperará. -Então olhou para o médico alienígena e um outro médico surgiu atrás dele, um humano sem dúvida.
-Quanto tempo para o casamento ser possível?- Ele perguntou aos médicos, um vacilante médico franzino, o humano, deu um passo a frente.
-Quarenta e cinco dias, talvez menos...- O outro médico, o alienígena discordou balançando a cabeça. -Trinta dias se tratada com nossos remédios.
-Perfeito! Está marcado então! Em trinta dias, a contar de hoje, será celebrado então.


Continua...

Vídeo novo amores, confiram!

domingo, 15 de novembro de 2015

(Cap 07) Tudo cor de rosa

Eu podia ver e ouvir mas não sentia nada! Minha vida continuou como sempre, eu era lavada, esfregada, penteada e vestida e também alimentada por elas mas, não sentia o gosto da comida ou a temperatura da água no banho. A noite, quando estava cansada de chorar, dormia de qualquer jeito. As noites eram terríveis, cheias de pesadelos, acordava aos berros, só pra ver que eu estava em um pesadelo maior.
Em um desses sonhos, eu acordava na minha casa, antes da guerra, e Diogo me olhava feliz com um lindo bebê cor de rosa no colo. De repente, seu rosto se transformou em uma caveira podre que tentava me devorar. Acordei suada e gritando e desisti de tentar dormir.

Eu não sabia o porquê de ainda ser prisioneira, a guerra estava acabada, com seus principais líderes humanos ridiculamente derrotados, eu não era mais útil, não precisavam de mim para negociar a paz, estava tudo terminado. As tropas alienígenas reconstruíam a cidade, outros líderes menores dos humanos se reuniam todos os dias na Torre do Alto Comando, estavam decidindo quem tomaria conta da cidade em nome deles, dos extraterrestres. Ao que parecia, queriam viver em paz, dividir a terra conosco. Aqueles que ousavam protestar eram sumariamente executados. Eles deixariam os humanos em paz desde que tivessem controle total do governo, os humanos participariam, é claro, mas apenas para ajudar, as decisões finais ficaria com o alto comando.
Parecia que tudo finalmente iria mudar pra melhor.
Eles já não escondiam as informações de mim, falavam tudo abertamente, como se quisessem que eu soubesse, ficasse informada de tudo.

Nada mais importava, eu ficava aonde me colocavam, certa vez me esqueceram no banho de sol, não sei quantas horas fiquei no sol escaldante, mas quando me buscaram, eu estava cheia de bolhas nos lábios e o rosto vermelho demais, mas o estranho é que eu não sentia arder. me levaram e me sedaram, podia sentir o anestésico mexendo com minha cabeça, a sala branca girava e a dor sumira, comecei a rir, seus rostos lindos estavam todos cor de rosa e tudo girava deliciosamente, girava, girava... Não de um modo ruim, mas delicioso, girando levemente.
Olhei pro meu próprio reflexo nas luzes enormes em cima de mim, era uma pessoa patética que me olhava de volta, magra e com o rosto vermelho do sol, os cabelos vermelhos emaranhados em volta de mim... Comecei a rir quando meus cabelos criaram vida e começaram a dançar em volta de mim.
Fiquei envolvida demais nessa loucura de girar e girar, rir até a barriga doer...

Numa dessas visões, meu sequestrador surgiu no meu campo de visão, tão calmo e sereno, sem a carranca costumeira, ele me olhava com curiosidade e talvez preocupação em seus lindos olhos, eu não senti medo, eu queria dizer que nada mais tinha importância, que estava tudo bem, mas tudo que eu fiz foi rir, rir histericamente, e quanto mais eu ria mais dava vontade de sorrir.
Não importava que eu era prisioneira, nessa noite eu estava tão feliz que eu podia dançar, podia sair pulando, beijando...
Ele me olhava e sua cabeça mudava de forma, primeiro rosa, depois pequena demais para seu corpo, depois grande demais como se o corpo não fosse sustentar seu peso.
Ele se aproximou e me olhava, eu olhava em volta e não havia ninguém por perto, onde estavam todos? A felicidade me deixava extasiada, sua boca tão linda... Não me lembrava de já ter notado uma boca humana tão linda e convidativa...parecia feita para o beijo, não um beijo fugaz, leve, mas um beijo de puro desejo, um prelúdio para algo maior e devastador...
Senti uma espiral de desejo começando a surgir dentro de mim, me enlouquecia e me tragava para as mais loucas sensações... Parecia que se eu não o beijasse toda a felicidade acabaria, todo meu destino ligado ao beijo daquela figura etérea, parecia um anjo da sedução... Não aguentaria mais um segundo sem beijá-lo, não me lembrava mais como beijar, quem beijava sempre era uma outra garota, numa outra vida... Quero tento sentir novamente a sensação que tudo que fiz foi abrir os braços e chamá-lo... Mas minha voz soou rouca e estranha aos meus ouvidos: -Venha, beije-me!- Por favor, beije-me... Meu anjo me olhava agora com estranheza e mesmo assim se aproximou e encostou seus lábios nos meus, um beijo suave e leve, mas ele se afastou rápido demais...Tentei segurá-lo mas suas mãos gentis me afastaram...-Diga seu nome...por favor...-Implorei. -Estou farta de não saber como chamá-lo...Diga-me...
Ele me olhou e vi um sorriso passar rapidamente por seu rosto, ou seria imaginação?
-Niga- Sua voz soou alta e clara.-Niga, esse é o meu nome Susan!- Sua voz foi sumindo e sumindo..
-Volte!-Eu queria gritar...
De repente tudo ficou escuro...

Continua...

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(Cap 06) Um pequeno pedaço de felicidade!

Na manhã seguinte fui levada em jejum até o hospital, localizado dois andares a baixo, fizeram muitos exames, clínicos e de sangue, na volta todos me olhavam, a maioria com desprezo, outros como se olhasse a paisagem. Eu sou a novidade aqui, desde que cheguei  estava longe dos olhares de todos, muitos me vêem pela primeira vez.É estranho como todos olham somente uma única vez e logo desviam o olhar.
Continuei andando com os olhares de todos e me senti extremamente constrangida. Andei aos tropeços, escoltada por duas de suas mulheres, de vez em quando elas me colocavam em pé e praticamente me carregaram de volta a minha cela.
Quando entrei na cela, meu desjejum me aguardava numa bandeja em cima da cama. Ataquei com vontade o leite, bebi tudo de uma vez, comi o pão esquisito em três dentadas. Deixei a maçã por último já que seria o único doce que receberia.
-Um pequeno pedaço de felicidade! -Repeti a frase que minha mãe sempre me dizia antes de me entregar um doce ou um chocolate.
Na minha pressa em comer nem reparei que o campo de força havia sido removido novamente e lá fora, na sacada, meu maior pesadelo me observava. E meu coração falhou uma batida.
Não sabia o que fazer, se continuava ali, ou se ia ao seu encontro. A verdade é que ele estava ali para me dizer algo, eu podia sentir, e qualquer assunto que fosse, não o deixava feliz. Sua postura exalava arrogância, e também uma raiva mal contida.
Como não fiz nada pra me aproximar e só fiquei olhando como uma idiota, ele se aproximou lentamente com os olhos fixos na parede de pedra atrás de mim, como se evitasse me olhar. Ele parou, coçou o queixo e me olhou diretamente pra mim.
-Seu marido e pai estão mortos, eles tentaram invadir a Fortaleza em um ataque estúpido e mal calculado.
Meu choque foi visível em meu rosto, porque ele estendeu a mão para me amparar antes que eu caísse, mas sua mão ficou suspensa no ar e eu não vi mais nada, quando acordei eu estava deitada na minha cama e um monte de gente estava com os olhos fixos em mim e se afastaram educadamente quando abri os olhos.
A dor que senti, da perda definitiva, me assolava e meu coração já partido, estilhaçou, chorei convulsivamente, nem me importei de estar rodeada por eles, dei vasão a minha dor, minha alma chorava...
Agora estava acabado, não havia mais ninguém a quem voltar, ninguém pra se lembrar do meu cativeiro, ninguém a quem chamar... Sozinha no mundo, rodeada por pessoas de outro mundo que me olhavam perplexos.
Fiquei de pé e me lembrei dos culpados por toda dor e sofrimento que eu estava sentindo, e lá estavam eles, na minha frente. Pulei no primeiro que vi e tentei estrangula-lo. Fui contida sem violência mas com firmeza, tentavam me colocar na cama e eu gritava e esperneava e chorava, tudo que consiguia dizer era a coisa que martelava na minha mente: -Assassinos! Assassinos! Então uma pontada no meu baixo ventre me fez parar, algumas mãos me levaram para o hospital e tudo que eu podia fazer era rezar.
-Senhor, poupe meu bebê, ele não, ele nãaaaaaaaoooooo! E então tudo escureceu, minha mente se refugiando na inconsciência!
 
Não sei quanto tempo se passou, eu sentia uma dor rasgar meu ventre e podia sentir o sangue saindo de dentro de mim, sabia que meu filho não existia mais, ele não teve o direito de nascer, sua vida interrompida brutalmente iria sempre me assombrar.
Eles iam e viam perto de mim, conversavam e de vez em quando me olhavam, eu observava como se fosse outra pessoa, telespectadora da minha própria vida. Anestesiada e imune a todos ao redor. Como se nada mais importasse, meu coração morreu ali, esvaiu junto com o sangue do meu  filho de dentro de mim! 
Continua...

sábado, 14 de novembro de 2015

(Cap 05) Cabelos vermelhos

Quando acordei alguns dias depois, levei um susto que meu coração quase saiu pela boca, meu sequestrador estava sentado no chão, de pernas cruzadas, em frente da minha cama e segurava uma mecha dos meus cabelos em sua mão e a examinava atentamente olhando pra cima contra a luz.
Fiquei parada, com o coração aos pulos sem saber se dizia algo ou se fazia alguma coisa pra mostrar que estava desperta. Mas imaginei que ele não gostaria de ser pego em flagrante, então fechei os olhos e tentei controlar minha respiração.
-Porque seus cabelos são vermelhos? -Ele me perguntou. E apesar do seu português soar perfeito, ainda assim tinha um leve sotaque que denunciava que ele não pertencia a esse lugar, extraterrestre, minha mente formulou a palavra sem eu nem pensar muito, quase automaticamente.
Abri os olhos e ele continuava na mesma posição, ele não se mexeu nem um centímetro, ele soube que eu havia acordado é claro.
Como eu hesitei, ele me olhou ainda segurando meus cabelos entre os dedos, agora com aparente impaciência. -E então? Ele perguntou.- Porque seu pai tem cabelos diferentes,,,
-Minha mãe tinha cabelos rui-vos, eu também. -Gaguejei a resposta.
Ele continuou a me encarar por alguns segundos que pareceram intermináveis, e eu pude reparar que sua barba sumira, o rosto era lindo e perfeito, sem nenhuma ruga ou cicatriz, o maxilar quadrado combinando perfeitamente com sua boca bonita, os olhos azuis rodeados por cílios espessos e negros como suas sobrancelhas e cabelos...a sua boca entortou numa careta que não combinava com seu lindo rosto, duas chamas surgiram ameaçadoramente no lugar de seus olhos,
Desviei o olhar com o coração aos saltos, não sabia o que fazer, senti o pânico me sufocando e me encolhi na parede como sempre fiz desde que cheguei aqui, Tinha medo de olhar de volta e encontrar sua espada em minha garganta ou algo pior.
Ouvi seus passos no corredor e só então me dei conta que meu medo não se tornaria real, pelo menos não ainda, talvez tivesse sido adiado.

Depois desse incidente peculiar não o vi por vários dias e me senti aliviada, minha caminhada foi feita pela manhã, comi, bebi, fui lavada e esfregada e não me importei nenhum pouco.
Tudo parecia melhor sem sua presença ameaçadora me cercando o tempo todo, 
Parece que minha relação com as mulheres esquisitas também melhorou, passamos de um ódio mútuo para uma fria cortesia.
Uma delas me olhava as vezes como se quisesse me dizer algo, então quando a olhava novamente parecia que eu tinha imaginado tudo, lá estava sua cara de sempre, superior e inatingível.

No deserto a noite, as vezes era possível ouvir algum som vindo da cidade, mas agora não se ouve nem um ruído, nada de tiros ou bombas no meio da noite. Tudo tranquilo desde que fui sequestrada.
As vezes me pego pensando se não sou uma vadia egoísta por só pensar no meu sofrimento e não me alegrar, porquê, afinal de contas, ouve uma trégua na guerra, nenhuma mãe vai perder seu filho, um pai pela manhã, não vai precisar ir reconhecer o corpo do filho.
Muita gente se sente mais feliz hoje, talvez eu devesse me alegrar também, afinal muitas vidas serão salvas. Mas tudo o que passa na minha cabeça é saudade, saudade do que tinha e do que talvez nunca mais consiga novamente: minha liberdade.

Escutei uma barulho alto que me  acordou no meio da noite, vinha da lateral do muro, nos andares superiores a minha cela, tinha certeza. Ajustei o roupão em volta do meu corpo e corri pra sacada. 
A torre do Alto Comando ardia em chamas em um dos lados, Dava  pra ver eles correndo pra lá e pra cá, era obvio que tinha sido um ataque e que eles não esperavam por isso.
Uma alegria perversa tomou conta de mim.
Meus vigias surgiram de repente e me levaram pra dentro e o campo de força surgiu novamente, eu estava restrita a cela.
Na manhã seguinte fiquei aguardando minhas "ajudantes" me darem banho e nada, tomei o banho e o desjejum sozinha, então chegou o almoço e mais tarde, ao anoitecer o jantar e ninguem me obrigou a comer ou beber.
Um pressentimento tomou conta de mim, alguma coisa estava acontecendo e eu adoraria saber o quê!

Continua...

(Cap 04) Penteado esquisito

Os dias que se seguiram depois da minha ida ao hospital foram cheios de coisas e acontecimentos estranhos. Para começar eu não ficava mais presa somente na minha cela, o campo de força foi removido e uma grande sacada surgiu. Agora estava liberada para que caminhasse por ali e tomasse sol.
Do incidente daquele dia, o hematoma estava esverdeado em volta e amarelo no meio, bem na lateral da minha cabeça, só dói quando é tocado, creio que logo sumirá.
As pessoas desse lugar levam suas obrigações a sério demais na minha opinião, depois da ordem de meu sequestrador eu fui lavada, escovada, secada e alimentada (na boca), por um batalhão de mulheres esquisitas.
Não havia como protestar, por mais força que eu fizesse, pra elas era como se eu fosse uma boneca, elas não faziam esforço algum para me obrigar. A única coisa em que me ouviram (porque berrei tanto que fiquei rouca), foi a recusa em prenderem meus cabelos em rabo de cavalo igual ao penteado esquisito que todos eles usam. Tanto faz se são homens ou mulheres, usam o tempo todo, ou as vezes soltam totalmente. Eu não quis prendê-los pelo simples fato do machucado na cabeça e também pelo penteado não me favorecer, pelo contrário.
Mas fiquei imaginando se não prenderam meu cabelo, não porque eu pedi, mas porque, talvez, eu não merecesse, como se usando esse penteado eu me tornasse uma deles, ou sei lá.
Estou em "negação", estresse pós -traumático ou sei lá o quê. Estou como uma casca vazia, já chorei tudo o que tinha pra chorar e por mais que meu coração esteja despedaçado e meus olhos queimarem, nenhuma lágrima, apenas o nó na garganta que continua aqui, entalado.
Para completar a esquisitice, um médico vem me ver duas vezes ao dia, não me diz nada e me toca o menos possível.
Ouço notícias da guerra aos pedaços, é claro que não me dizem nada, mas parece que ambos os lados deram uma trégua desde meu sequestro, ambos os lados aguardam o desenrolar dos acontecimentos,
Parece que meu sequestrador acertou na jogada, sua tática funcionou, fico imaginando por quanto tempo ainda funcionará.

O motivo por eu ainda chamá-lo de sequestrador é simplesmente por não saber seu nome. Embora, eu tenho certeza, eles sabem o meu, não que eles se importem em me chamar por Susan, aqui ninguém conversa comigo, a não ser ordens, tipo: -Coma isso, beba esse remédio, ou críticas tipo: -Seu cabelo está sujo, deve ser lavado mais uma vez, -(sim, elas me dão banho).
Embora eu ainda seja vigiada dia e noite, não me importo tanto como antes, meu sequestrador assustador está sempre por perto, me olhando com aqueles olhos medonhos, com a mesma carranca de antes. Sempre por perto, como uma sombra.
Mas o medo surreal que eu estava sentindo passou, talvez eu esteja desenvolvendo síndrome de Estocolmo, claro que ainda tenho medo, mas agora com alimentação várias vezes ao dia e sono tranquilo a noite, durmo como pedra e não resta muito tempo pra pensar nas coisas.
Ele não vai me matar, nem ao meu bebê, pelo mesmo por enquanto. E por mais que ele queira isso, creio que ele deve ter um ótimo motivo para me manter respirando.
E algo me diz que quando ele se alegrar eu terei muitos motivos para entrar em pânico!

Continua...

Inspiração de unhas para o Verão!





Vídeo fresquinho gente, confiram!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

(Cap 03) Conversas sobre o clima

Um estranho torpor tomou conta de mim, não comi e não bebi por várias refeições, dois, três dias? Não sei ao certo, não senti fome nem sede, a única coisa que sinto é a dor da perda e da traição me corroendo por dentro.
Não lembro de ter me banhado também, meus cabelos são um emaranhado em torno de mim, tudo acabou, sinto que algo morreu dentro de mim. Isso é tão irônico que numa outra vida eu teria rido, senti a gargalhada vindo e não consegui controlar.
-Rá, rá, rá, rá, rá-Meu corpo todo sacudia e tive que ficar em pé. Ri até a barriga doer e engasgar com a saliva. A tosse virou ânsia de vômito e meu estômago vazio revirou dolorosamente.
Com as mãos apoiadas nos joelhos senti a cabeça girar e a vista escurecer. Me joguei na cama mas não calculei a distância e minha cabeça bateu forte na parede...

Quando abri os olhos uma dor aguda tomou conta do lado esquerdo da minha cabeça, e então me dei conta aonde estava. Tudo era branco como tudo alí, mas as luzes e o armário enorme de remédios e frascos dizia que eu estava no hospital, e hospital me lembrava agulhas...
Sentei rapidamente na cama estreita e olhei em volta, ninguém comigo no grande salão branco.
Muitas camas vazias e então olhei a porta bem a tempo de vê-lo entrando. Meu sequestrador entrou a passos largos, lembrou da porta aberta e então a fechou com o pé, me pegou pelo pulso e me forçou para que eu me sentasse na cama.
-Isso doeu. -Eu reclamei esfregando o pulso. Ele sentado ainda era uma cabeça mais alto que eu. Apoiou os braços nas pernas e me olhava com uma carranca que me assustava. Tentei olhar de volta e ele me olhava como se quisesse me matar.
-Comece a dizer porque não está comendo. -Ele me perguntou- Falava tão baixo e entre dentes que me assustou mais ainda, como se fosse possível. Tudo que me lembrava de sentir desde que fora sequestrada era medo, medo dia e noite...
Como não respondi nada ele me levantou e me pôs de pé.
Com a tontura, senti minha cabeça girar.
Ele andava de um lado a outro, seu cabelo balançava numa longa trança escura que começava no alto da cabeça, era como se o nervosismo e a raiva o corroesse. A impaciência era visível no lindo rosto. A beleza era algo comum entre eles, todos altos e de beleza estonteante, cada um a sua maneira.
De repente ele parou no meio da volta, bem na minha frente, me olhou e abriu a boca mas não disse nada, como se procurasse as palavras certas.
Seu olhar me deixava desconfortável e com vontade de chorar, me lembra minha incapacidade de me salvar.
Ele deu uma passada, a que me afastava dele, e segurou meu rosto entre as mãos espalmadas, me puxou pra olhar pra cima, pro seu rosto. 
-Posso ouvir dois corações batendo dentro de você. -Ele me disse com o rosto sereno. Como se estivéssemos falando sobre o clima, ou sobre como estava quente no deserto.
Meu coração deu um salto e senti como se ele fosse parar.
Ele me soltou e eu cai sentada na pequena cama.
Me lembrei de todas as orações que sabia e então percebi que não adiantariam agora. Quando rezava quando pequena era pra que os deuses afastassem meus pesadelos, para que não viessem. Mas nem no meu pior pesadelo eu imaginei algo assim. E eu não sabia nenhuma que afastassem os pesadelos quando estivesse dentro dele, e um mostro te encarasse...
Lágrimas brotavam e desciam sem fim sobre meu rosto, e tudo que eu disse foi o mais clichê que pude lembrar, começaria implorando...
-Não o machuque por favor... Faço qualquer coisa, mas não o machuque... -Abracei os joelhos e o nó da minha garganta não permitia que eu dissesse mais nenhuma palavra.
Ele me olhou sério de alto a baixo e estreitou os olhos.
-Você já está fazendo isso, não precisa de minha ajuda.-Ele deu as costas, abriu a porta e disse, pra quem quer que estivesse do lado de fora...
-Certifique-se que ela se lave e coma.

Continua...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

(Cap 02) Fortaleza do Deserto

(Cela fortificada, segundo mês de cativeiro)

Os dias passam lentamente, sem ter nada pra fazer só faz meu medo aumentar, não sei o que será de mim! Nada mudou desde minhas tentativas de fuga, a mesma cela, só que agora sou vigiada dia e noite, estou presa no alto e uma das paredes é apenas um campo de força e dele é possível ver uma parte da imensidão do deserto.
As outras três paredes são de pedras umas sobre as outras, lisas e brancas e parecem gostar muito da ausência de cores, tudo por aqui parece ser branco, desde as roupas deles até os carros. Até as espadas são de um metal estranho com um brilho branco azulado.
A comida é trazida em dois horários, de manhã e a noite, sempre vegetais e mingau, nunca um doce!
Sempre comi doces depois do jantar e a falta que sinto agora não é a falta do doce em si, mas dos momentos quando compartilhava a mesma colher de brigadeiro com meu marido, ou quando meu pai roubava um pouco do meu prato com um dedo...

Está tudo acabado agora, isso nunca significou nada para eles, fui entregue aos inimigos, entregue a minha própria sorte agora, não havia nada, nem ninguém para contestar isso, é um fato!
Depois daquela noite que a última tentativa de negociação não deu certo, quando minha família se recusou a negociar minha liberdade, algo morreu dentro de mim, não sei bem o quê, só sinto como se eu vivesse numa grande mentira minha vida toda, meu casamento com um general do exercito, minha relação com meu pai, parecia tudo uma peça teatral, como se todos estivessem representando e só agora se revelassem suas verdadeiras identidades!
Meu destino tenho certeza que já foi decidido, mesmo que ninguém se importe em me dizer.
Meu sequestrador não me visitou mais, mas sempre ouço suas botas indo e voltando no longo corredor, é um padrão, ele vem a noite, caminha umas três voltas no longo corredor indo e voltando, indo e voltando. Para em frente a minha cela e olha pelo vidro da porta pra dentro, diretamente pra mim, nunca olho de volta, tenho medo.
Apenas uma vez olhei de volta e me arrependi, a minha cama fica em frente a porta na parede oposta e sempre deito virada pra parede, mas não naquela noite.Eu rolava de um lado pro outro sem conseguir dormir, a temperatura controlada dentro da cela fazia com que fosse sempre agradável lá dentro, nem frio, nem calor. Mas nunca consegui dormir com o medo me corroendo por dentro, durmo umas duas horas por noite quando sou vencida pelo cansaço ou quando não tenho mais lagrimas para chorar.
Numa dessas viradas na cama dei de cara com meu sequestrador me encarando. Ele me olhava de cima, com um olhar estranho como tudo nele. 
O cabelo longos e escuros estavam presos num rabo de cavalo em cima da cabeça e sumia atras das costas, a barba curta e espessa cobria todo o rosto, vestia o mesmo uniforme branco impecável que parecia que se sujaria com o menor toque!
E o mesmo cheiro invadiu minhas narinas, cheiro doce e delicioso, que me despertava os sentidos e me fazia querer comer o que quer que fosse que cheirasse tão bem assim.
Eu olhava e ele me olhava de volta, seus olhos muito azuis me encaravam e de repente, percebi que não sonhava, era real! E seu olhar ficou frio e tenho certeza que ele me odiava por ter sido pego me olhando, uma chama azul começou a brilhar dentro de suas íris e fiquei apavorada e desviei o olhar afundando na cama com o rosto contra a parede.
Então ouvi uma gargalhada e olhei de novo para a porta à tempo de vê-lo se afastando no corredor.
-Vocês deveriam voltar pra onde vieram, me deixar em paz!!!-Gritei a plenos pulmões.
-Odeio vcs e tudo isso!-Gritei e gritei pela milésima vez!


E a resposta como, todas as outras vezes, foi o silêncio.
Nada, nenhuma reprimenda, absolutamente nada!
E como se soubesse de tudo o que se passava aqui dentro de minha cela, meu bebê se mexeu dentro de mim e eu não consegui evitar um sorriso.
-Muita calma pequeno, vamos sair dessa!

Continua...

Novo vídeo, confiram!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

(Cap 01) Desespero...

Eu não conseguia entender o que ele fazia ali...
Eu escutei quando ele chegou é claro! As passadas de bota ecoaram no corredor e sua ira era visível naqueles lindos olhos turquesa.
-Você nunca devia ter fugido de mim! -Seus olhos brilhavam num misto de ódio e agonia, como os olhos de uma pessoa histérica!
-Porque se importa?-Fiz a pergunta que ecoava todos os dias na minha mente.
Ele andava de um lado para o outro sem tirar os olhos vidrados de mim, senti um calafrio e me arrependi de ter perguntado.
-Voce não é nada razoável!- Ele disse desembainhando a espada longa que trazia consigo- Voce não sabe de nada!
A raiva cresceu dentro de mim, eu podia sentí-la beirando a superfície.
Voce me sequestrou! Cuspi as palavras.
-Não, não, não, pobre tola! Quando chegamos a esse mundo tudo que queríamos era paz, seu povo nos desafiou, nos mataram aos milhares...começaram a guerra que sabiam que não podiam vencer!

Eu não aguentei ouvir a verdade daquelas palavras e desabei no chão pensando e revivendo todas as mortes, todos os entes queridos mortos, tudo aquilo que mais amava tinha sido destruído!
Do dia para a noite fui arrancada de casa e levada por estranhos alienígenas até sua fortaleza no meio do deserto, longe de tudo que eu conhecia e tinha um problema maior: como filha do governador, fui sequestrada pra ser resgatada em troca de um acordo, mas eu ainda estava em choque quando descobri que meu pai e meu marido não se importavam nem um pouco se eu morria ou se eu vivia, contanto que eles continuem no poder. Mandaram apenas um bilhete dizendo: Sem acordo!
Eles leram e releram o bilhete e não conseguiam entender e ficavam me perguntando o que significava tudo aquilo? Eu apenas ignorava as perguntas
Será uma nova tática de negociação?
Nenhuma pergunta sobre meu bem estar, nada!
Absolutamente sozinha com o inimigo mais lindo que já tinha visto.
E ele me encarava agora com olhar indagador, como se quisesse adivinhar meus pensamentos, em vão...jamais contaria meus medos a ele, se fosse morrer ou qualquer que fosse meu destino, enfrentarei com dignidade e cabeça erguida!
Levantei aos tropeções e fiquei em pé.

-Deixe-me falar com eles, explicar tudo por favor...
Ele me encarava agora com um sorriso zombeteiro, mas seus olhos não sorriam, era apenas...ele desdenhava de mim!
-Porque devo confiar em vc? Vc fugiu 3 vezes em três dias!
Ele se aproximou lentamente de mim e o medo, todo o pavor que ele sempre me impunha eu senti brotar dentro de mim e fui afastando enquanto ele avançava, só parei quando senti a pedra fria nas minhas costas.
Ninguém podia dizer que não eram daqui, eram iguaizinhos aos homem comuns, exceto pela força que eram de uns dez homens e os olhos, olhos hipnóticos e faiscantes literalmente!A chama aparecia quando alguma emoção forte os desequilibrava, como a raiva! 
A pequena chama dançava dentro de suas iris azuis agora, eu podia ver uma veia latejar em sua fronte!
-Por fa-vor! Gaguejei.
-Voce nunca sairá daqui. -Ele se afastou e mexeu nos lindos cabelos preto grandes, passavam da cintura.
-Voce me pertence agora, conforme-se! Ele disse baixinho como se pudesse me acalmar, falou como se falasse com uma criança.

Lágrimas que não pude mais conter rolaram teimosamente.
-Eu vou te matar! Gritei e senti meus sentidos sumirem, levando toda dor, todo medo, toda angústia, não havia nada, apenas paz e o vazio!

Continua...


sábado, 7 de novembro de 2015

Vídeo novo amores, aonde eu falo como foi a "saga" atrás da minha carta do Google Adcense! 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015