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sábado, 14 de novembro de 2015

(Cap 05) Cabelos vermelhos

Quando acordei alguns dias depois, levei um susto que meu coração quase saiu pela boca, meu sequestrador estava sentado no chão, de pernas cruzadas, em frente da minha cama e segurava uma mecha dos meus cabelos em sua mão e a examinava atentamente olhando pra cima contra a luz.
Fiquei parada, com o coração aos pulos sem saber se dizia algo ou se fazia alguma coisa pra mostrar que estava desperta. Mas imaginei que ele não gostaria de ser pego em flagrante, então fechei os olhos e tentei controlar minha respiração.
-Porque seus cabelos são vermelhos? -Ele me perguntou. E apesar do seu português soar perfeito, ainda assim tinha um leve sotaque que denunciava que ele não pertencia a esse lugar, extraterrestre, minha mente formulou a palavra sem eu nem pensar muito, quase automaticamente.
Abri os olhos e ele continuava na mesma posição, ele não se mexeu nem um centímetro, ele soube que eu havia acordado é claro.
Como eu hesitei, ele me olhou ainda segurando meus cabelos entre os dedos, agora com aparente impaciência. -E então? Ele perguntou.- Porque seu pai tem cabelos diferentes,,,
-Minha mãe tinha cabelos rui-vos, eu também. -Gaguejei a resposta.
Ele continuou a me encarar por alguns segundos que pareceram intermináveis, e eu pude reparar que sua barba sumira, o rosto era lindo e perfeito, sem nenhuma ruga ou cicatriz, o maxilar quadrado combinando perfeitamente com sua boca bonita, os olhos azuis rodeados por cílios espessos e negros como suas sobrancelhas e cabelos...a sua boca entortou numa careta que não combinava com seu lindo rosto, duas chamas surgiram ameaçadoramente no lugar de seus olhos,
Desviei o olhar com o coração aos saltos, não sabia o que fazer, senti o pânico me sufocando e me encolhi na parede como sempre fiz desde que cheguei aqui, Tinha medo de olhar de volta e encontrar sua espada em minha garganta ou algo pior.
Ouvi seus passos no corredor e só então me dei conta que meu medo não se tornaria real, pelo menos não ainda, talvez tivesse sido adiado.

Depois desse incidente peculiar não o vi por vários dias e me senti aliviada, minha caminhada foi feita pela manhã, comi, bebi, fui lavada e esfregada e não me importei nenhum pouco.
Tudo parecia melhor sem sua presença ameaçadora me cercando o tempo todo, 
Parece que minha relação com as mulheres esquisitas também melhorou, passamos de um ódio mútuo para uma fria cortesia.
Uma delas me olhava as vezes como se quisesse me dizer algo, então quando a olhava novamente parecia que eu tinha imaginado tudo, lá estava sua cara de sempre, superior e inatingível.

No deserto a noite, as vezes era possível ouvir algum som vindo da cidade, mas agora não se ouve nem um ruído, nada de tiros ou bombas no meio da noite. Tudo tranquilo desde que fui sequestrada.
As vezes me pego pensando se não sou uma vadia egoísta por só pensar no meu sofrimento e não me alegrar, porquê, afinal de contas, ouve uma trégua na guerra, nenhuma mãe vai perder seu filho, um pai pela manhã, não vai precisar ir reconhecer o corpo do filho.
Muita gente se sente mais feliz hoje, talvez eu devesse me alegrar também, afinal muitas vidas serão salvas. Mas tudo o que passa na minha cabeça é saudade, saudade do que tinha e do que talvez nunca mais consiga novamente: minha liberdade.

Escutei uma barulho alto que me  acordou no meio da noite, vinha da lateral do muro, nos andares superiores a minha cela, tinha certeza. Ajustei o roupão em volta do meu corpo e corri pra sacada. 
A torre do Alto Comando ardia em chamas em um dos lados, Dava  pra ver eles correndo pra lá e pra cá, era obvio que tinha sido um ataque e que eles não esperavam por isso.
Uma alegria perversa tomou conta de mim.
Meus vigias surgiram de repente e me levaram pra dentro e o campo de força surgiu novamente, eu estava restrita a cela.
Na manhã seguinte fiquei aguardando minhas "ajudantes" me darem banho e nada, tomei o banho e o desjejum sozinha, então chegou o almoço e mais tarde, ao anoitecer o jantar e ninguem me obrigou a comer ou beber.
Um pressentimento tomou conta de mim, alguma coisa estava acontecendo e eu adoraria saber o quê!

Continua...

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