(Cap 08) Compatíveis!
Tentei me mexer na cama e o vão das minhas pernas doeu e repuxou, lembrei da perda do meu bebê e da limpeza que tiveram que fazer depois. Minha cabeça latejava e minha garganta doía ressecada demais. Abri os olhos e a luz da manhã os feria. Cambaleei até o pequeno banheiro e olhei no espelho piscando muitas vezes para os meus olhos se acostumarem.Eu vestia uma camisola branca e mais nada, meus pés estavam descalços e a pedra do chão muito fria. Minha palidez estava de volta, eles tinham ótimos remédios para pele, nenhum sinal aparente de minha longa exposição ao sol.
Uma mesa surgira ao lado de minha cama e em cima dela o desjejum, leite, mingau de aveia e suco de laranja. Um copo com um liquido verde tambem estava sobre a mesa e ao lado um papel que dizia Beba! Na mesma hora senti o fluxo de sangue parar.Só liquido, eles queriam que eu pegasse leve. Parecia que queriam que eu me recuperasse.
Depois de tomar banho ajudada como sempre, me vestiram um lindo vestido de tecido leve, parecia seda mas não era, de um tom lindo de turquesa e com mini pedras douradas emoldurando o decote bonito, uma roupa linda e cara, feita para o calor do deserto, e eu fiquei imaginando a ocasião que eu precisaria de uma roupa assim...
Nos pés calçaram uma linda sandália da mesma cor do vestido e tentaram prender meu cabelo e eu protestei. Minha cabeça ainda doía e eu não aguentaria meus cabelos presos.
Fui levada pelo longo corredor, só que eu subi e subi ao invés de descer, até parar em um longo corredor com uma imensa porta no final, onde estava escrito em alto relevo: Alto comando. Escrito em português e em idioma Alien, algo impossível de decifrar, mas imaginei que era a mesma coisa nas duas línguas.
Quando a porta se abriu, fui conduzida até uma ampla mesa, que do outro lado já era ocupada por várias pessoas, homens e mulheres, todos ricamente vestidos, e em pé, ao lado, humanos comuns, e alguns chefes do antigo governo de meu pai.Sorri pra um velho conhecido, finalmente um rosto familiar. Mas tudo que ele fez foi acenar de volta. com um alívio visível no rosto, mas com medo talvez de se aproximar, afinal eu era uma propriedade do inimigo agora, não pertencia ao seu mundo.
Tudo começou a fazer sentido agora, parecia que eu iria saber o que fariam comigo, qual seria minha punição. Meu destino finalmente seria decidido.
Eles ficaram me olhando, era óbvio que eu estava diante do alto comando. Mas apenas um falou, o mais velho entre eles. Sua cabeleira era branca ao invés de castanha ou negra, como era o da maioria, e quando ele falou todos se silenciaram.
Sua roupa era branca e bordada e ele ficou de pé, deu a volta e parou na minha frente, pegou minhas mãos nas suas e me deixou em pé.
-Aqui está ela, a humana que trouxemos conosco quando atacamos o governador, ela foi trazida com um propósito...
-Ela foi sequestrada!-Gritou uma voz conhecida, o mesmo homem que me cumprimentou! Minha cabeça girou pelo esforço de ficar em pé e meu corpo vacilou, eu me sentei pra não cair.
O homem que segurava minhas mãos olhou para o homem que ousou interrompê-lo e duas chamas dançavam no lugar de seus olhos e o humano vacilou.
-Eu estava dizendo...-Continuou como se não tivesse sido interrompido- Ela é o caminho para a paz, através dela tudo vai mudar, a união de duas raças, ela se casará com um de nós para selar a paz, um mais valoroso entre todos nós...Ele me olhava e olhava em volta procurando alguém nas pessoas presentes.-Ela se casará com Niga! E todos exclamaram com espanto, homens e alienígenas.
Meu choque foi tamanho que eu não falei e esqueci de respirar, todos falavam ao mesmo tempo e toda a dor voltou como uma avalanche.
Quando parecia que nada pior podia acontecer aconteceu, eu estaria ligada pra sempre com o inimigo, nunca voltaria pra casa, nunca seria eu mesma novamente.
Tudo que fiz foi chorar, chorar e chorar.
O homem que interrompeu deu um passo a frente e gritava feito louco no meio do vozerio.
-Ela vai cair, pelo amor de Deus, isso não é possível, façam alguma coisa...
Então todos se silenciaram quando Niga entrou no imenso salão. Ele trajava a roupa branca de sempre, a longa espada estava presa a cintura e o único adorno era algumas pedras preciosas presas nos seus cabelos trançados. Parecia que todos se arrumam para ter com o conselho. Tudo nele exalava autoridade, um "homem" a ser temido e obedecido.
Ele parou na frente do alto comandante e acenou levemente com a cabeça cumprimentando-o.
-Não falta mais ninguém, o casamento, como vocês chamam, de Niga e Susan, selará a paz...
Ele me olhou surpreso e olhou o alto comandante, ele também foi pego de surpresa, ao que parecia...
-Isso é impossível, como vamos saber se são "compatíveis"? O mesmo humano perguntou.
O alto comandante sorriu e chamou alguém do fundo do salão.
-Como muitas questões foram levantadas, saibam que pra medicina nada impede essa união, os corpos são muito parecidos, apenas algumas características nos diferenciam...
-Vocês estão falando do ato sexual?- Gritei a plenos pulmões. -Todos os olhares caíram sobre mim.
-Isso nunca acontecerá, porque antes eu prefiro morrer!- Cuspi as palavras.
Os humanos me olhavam orgulhosos de minha ousadia, o alto comandante me olhava como quem olha pra uma criança birrenta. Niga olhava pra mim com os olhos frios e a carranca tinha voltado ao seu rosto.
-Está decidido! Vamos selar a paz, com dois casamentos, um no ritual de vocês e outro no nosso pra não restar dúvida alguma...
-Eu acabei de perder uma criança, eu, eu...-Gritei!
-É claro, sabemos suas limitações físicas do momento, mas você é jovem e se recuperará. -Então olhou para o médico alienígena e um outro médico surgiu atrás dele, um humano sem dúvida.
-Quanto tempo para o casamento ser possível?- Ele perguntou aos médicos, um vacilante médico franzino, o humano, deu um passo a frente.
-Quarenta e cinco dias, talvez menos...- O outro médico, o alienígena discordou balançando a cabeça. -Trinta dias se tratada com nossos remédios.
-Perfeito! Está marcado então! Em trinta dias, a contar de hoje, será celebrado então.
Continua...
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