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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

(Cap 03) Conversas sobre o clima

Um estranho torpor tomou conta de mim, não comi e não bebi por várias refeições, dois, três dias? Não sei ao certo, não senti fome nem sede, a única coisa que sinto é a dor da perda e da traição me corroendo por dentro.
Não lembro de ter me banhado também, meus cabelos são um emaranhado em torno de mim, tudo acabou, sinto que algo morreu dentro de mim. Isso é tão irônico que numa outra vida eu teria rido, senti a gargalhada vindo e não consegui controlar.
-Rá, rá, rá, rá, rá-Meu corpo todo sacudia e tive que ficar em pé. Ri até a barriga doer e engasgar com a saliva. A tosse virou ânsia de vômito e meu estômago vazio revirou dolorosamente.
Com as mãos apoiadas nos joelhos senti a cabeça girar e a vista escurecer. Me joguei na cama mas não calculei a distância e minha cabeça bateu forte na parede...

Quando abri os olhos uma dor aguda tomou conta do lado esquerdo da minha cabeça, e então me dei conta aonde estava. Tudo era branco como tudo alí, mas as luzes e o armário enorme de remédios e frascos dizia que eu estava no hospital, e hospital me lembrava agulhas...
Sentei rapidamente na cama estreita e olhei em volta, ninguém comigo no grande salão branco.
Muitas camas vazias e então olhei a porta bem a tempo de vê-lo entrando. Meu sequestrador entrou a passos largos, lembrou da porta aberta e então a fechou com o pé, me pegou pelo pulso e me forçou para que eu me sentasse na cama.
-Isso doeu. -Eu reclamei esfregando o pulso. Ele sentado ainda era uma cabeça mais alto que eu. Apoiou os braços nas pernas e me olhava com uma carranca que me assustava. Tentei olhar de volta e ele me olhava como se quisesse me matar.
-Comece a dizer porque não está comendo. -Ele me perguntou- Falava tão baixo e entre dentes que me assustou mais ainda, como se fosse possível. Tudo que me lembrava de sentir desde que fora sequestrada era medo, medo dia e noite...
Como não respondi nada ele me levantou e me pôs de pé.
Com a tontura, senti minha cabeça girar.
Ele andava de um lado a outro, seu cabelo balançava numa longa trança escura que começava no alto da cabeça, era como se o nervosismo e a raiva o corroesse. A impaciência era visível no lindo rosto. A beleza era algo comum entre eles, todos altos e de beleza estonteante, cada um a sua maneira.
De repente ele parou no meio da volta, bem na minha frente, me olhou e abriu a boca mas não disse nada, como se procurasse as palavras certas.
Seu olhar me deixava desconfortável e com vontade de chorar, me lembra minha incapacidade de me salvar.
Ele deu uma passada, a que me afastava dele, e segurou meu rosto entre as mãos espalmadas, me puxou pra olhar pra cima, pro seu rosto. 
-Posso ouvir dois corações batendo dentro de você. -Ele me disse com o rosto sereno. Como se estivéssemos falando sobre o clima, ou sobre como estava quente no deserto.
Meu coração deu um salto e senti como se ele fosse parar.
Ele me soltou e eu cai sentada na pequena cama.
Me lembrei de todas as orações que sabia e então percebi que não adiantariam agora. Quando rezava quando pequena era pra que os deuses afastassem meus pesadelos, para que não viessem. Mas nem no meu pior pesadelo eu imaginei algo assim. E eu não sabia nenhuma que afastassem os pesadelos quando estivesse dentro dele, e um mostro te encarasse...
Lágrimas brotavam e desciam sem fim sobre meu rosto, e tudo que eu disse foi o mais clichê que pude lembrar, começaria implorando...
-Não o machuque por favor... Faço qualquer coisa, mas não o machuque... -Abracei os joelhos e o nó da minha garganta não permitia que eu dissesse mais nenhuma palavra.
Ele me olhou sério de alto a baixo e estreitou os olhos.
-Você já está fazendo isso, não precisa de minha ajuda.-Ele deu as costas, abriu a porta e disse, pra quem quer que estivesse do lado de fora...
-Certifique-se que ela se lave e coma.

Continua...

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