Sejam bem vindos ao meu blog!

Sejam bem vindos ao meu blog!

domingo, 3 de abril de 2016

(Cap 20) Mutação no DNA

Os dias seguintes passaram como um borrão. Eu passava o dia todo ocupada, de manhã nas aulas e a tarde até o jantar com Daniel. Aos poucos fomos ficando amigos, ele parecia tão feliz cada vez que me via e eu não podia negar que ele deixava meus dias mais alegres também.
Ele se recuperava rápido. A única coisa errada era seu temperamento instável, ora feliz, ora depressivo. Chorava toda vez que lembrava que era um prisioneiro. Sua carranca era cada dia pior. Se enfurecia por tudo e por qualquer coisa.Tinha o temperamento terrível. Falar com ele era pisar em ovos o tempo todo. Ele queria escapar a qualquer custo, atirava tudo na parede.

Quando estava bom o suficiente para andar, foi levado a sala de interrogatório, onde permaneceu trancado por quase quatorze horas. E quando saiu tinha o aspecto enlouquecido, os olhos vidrados e parados, não via nada, parecia perdido em outro lugar, bem fundo em sua mente.
Eles não usaram de violência com ele, pelo menos não física. Eu o visitei em dois dias seguidos após o interrogatório, e ele nem me reconheceu, o rosto bonito estava magro, olheiras marcavam os olhos que entes eram tão vivos. Sua pele bronzeada tinha um aspecto arroxeado, como se tivesse ficado muito tempo no frio. Os dedos estavam agarrados na beira da cama como se ele estivesse com medo de cair, os nós dos dedos brancos por causa do esforço extremo.
Eu fui aconselhada a permanecer longe dele até que ele se recuperasse, E foi nesse momento que a solidão pesou!

Niga estava fora a quase dois meses, eu chorava todo dia de saudades dele e ainda mais agora que tinha certeza que estava grávida. Meu coração parecia que ia explodir de saudades de Niga e de amor pelo pequeno ser crescendo dentro de mim.
Eu chorava todos os dias até adormecer, e executava minhas tarefas no piloto automático. A depressão de Daniel serviu para me deixar mais para baixo ainda. Se pelo menos tivesse uma amiga, ou Daniel estivesse bom para conversar...
E quando passei mal e fui até o ambulatório eu tinha certeza que algo iria mudar, mas o que mais me chateou foi ficar longe de Daniel. Com a gravidez confirmada eu continuei a ser vigiada mas a decisão de me afastarem de Daniel foi unânime, não poderia visitá-lo até que meu marido retornasse.
Eu nunca mais tive autorização para visita-lo e nem sei se queria, ele estava desequilibrado, no mínimo! De vez em quando via ele sendo levado de um lado a outro, sempre escoltado, as vezes par o banho de sol, mas não tínhamos permissão de nos falar. 

Certo dia eu olhava o movimento do grande salão, não notei as lágrimas que caíam e nem notei Daniel correndo em minha direção. Ele se jogou em cima de mim e fomos ambos ao chão, ele estava sendo puxado, mas não antes de sussurrar em meu ouvido:
-Está chegando a hora, querida! Vou te salvar, existe um lugar...- e então foi puxado e levado gritando um monte de coisas sem sentido. Fiquei meio atordoada com aquilo, não sabia se dizia a verdade ou estava delirando. As vezes a mente de um homem desmorona depois de um tempo preso. 
E nem que estivesse dizendo a verdade, que havia um lugar seguro para os humanos eu não iria nem que pudesse, não sem Niga. Ele fazia parte de minha vida de um jeito que eu nem sonhava ser possível, intrínseco no meu ser, quase como uma mutação no meu DNA, algo que eu queria dia e noite desesperadamente, mesmo contra qualquer raciocínio lógico!


Depois de três meses eu estava desesperada por notícias de Niga e a fortaleza me sufocava de tal maneira que pensei que sufocaria alí, diante de todos.
Minha cabeça começou a girar no meio do salão de jantar, eu sufocava, não tinha ar suficiente, minha visão se tornou um borrão indistinto, ouvia vozes exaltadas e elas foram sumindo até que se tornou um zumbido horrível nos meus ouvidos.
Quando acordei estava no hospital, estremeci pelo medo de agulhas. O cheiro de álcool e remédios me dava náuseas terríveis.
Uma enfermeira alien apalpava minha barriga e me olhou indiferente quando acordei. Ela me deixou sozinha alguns instantes e então voltou com um batalhão.
Entraram fazendo muitas perguntas sobre minha saúde, bem estar. Eu fiquei estática quando eu ouvi a pergunta novamente.

-O que? Eu não...- O homem alien era o mesmo médico da outra vez que estive no hospital. Ele me olhava com desprezo.
-A criança é de Niga? -Então todos me olharam aguardando uma resposta.
Eu me sentei calmamente, arrumei o soro que repuxava meu braço esquerdo e então o médico se aproximou, me olhando de um jeito que me dava calafrios.
-E então? -Ele perguntou impaciente.
Eu me joguei em cima dele, queria arrancar seus olhos e cortar sua garganta. Foi tão inesperado que eles demoraram a se dar conta e me separar de cima do médico.
Eu gaguejava, gritava e chorava.
-Vocês  não têm direito de me perguntarem isso, justo eu que estou trancada aqui,  que fui submetida contra minha vontade... -Eu estava histérica
-Não tem, não tem, não tem... -Então me apagaram, vi as luzes sumirem rapidamente, minha mente se refugiando no vazio...


Não sei quanto tempo estive dopada, mas acordei tão leve e descansada como a muito tempo não me sentia. Escorreguei da cama e fui direto ao banheiro adjacente, dei uma escorada na parede para me equilibrar de uma tontura.
Quando olhei no espelho, tomei um susto, meu rosto estava cheio e corado, meu seios doíam e quando olhei para eles assustei com o tamanho, inchados e duas vezes maiores. Mas o mais terrível foi ver a barriga, grande e redonda, como uma bola. -Meu deus, quanto tempo?
Voltei cambaleando pro quarto e então vi o médico de pé, me olhando crítico.
-Por favor volte pra cama, você passou muito tempo deitada...
Eu olhei com olhar assassino. Ele interpretou a pergunta sem eu sequer perguntar.
-Dois meses... Você dormiu por dois meses, seu corpo precisava de cuidados
Você estava desidratada e a criança precisava de cuidados...
-Cadê meu marido? Niga... Niga... Nigaaaaaaaa...
Eu gritava loucamente, minha garganta doía miseravelmente.
Caí no chão e senti a agulha do soro espetar meu braço, minha cabeça girava pela tontura provocada por levantar tão abruptamente.

Quando acordei Daniel estava me encarando tão perto que pensei que fosse me beijar, ele sorriu, estava tão magro que me assustou.
-O que ouve com você? -Eu perguntei meio sem pensar direito.
-Nada tão legal como o que ouve com você! -Ele apontou para minha barriga inchada.
Eu ri de nervosismo, ele pegou minhas mãos e apoiou na minha barriga, o bebê lá dentro saltou, e eu chorei de felicidade, só faltava...
Não, não faltava mais, Niga queimado do sol estava parado na porta olhando para nós dois com cara de espanto, e então olhou para minha barriga sem entender e veio correndo na minha direção.
Ele me apertou num abraço esmagador ignorando Daniel totalmente. Ele beijava meu rosto, meu cabelo, se afastou o suficiente para ver minha barriga e voltou a me abraçar.

Daniel foi saindo de fininho com o rosto transtornado no mesmo momento que Niga o olhava como se ele fosse um inseto que fosse ser esmagado em seguida, me deu medo. Eu havia recuperado Niga, meu amor extraterrestre, mas percebi nesse momento que eu não poderia ter os dois, meu amigo Daniel me odiava por ter me casado com o inimigo e Niga jamais permitiria que um homem perigoso como Daniel se aproximasse de mim e colocasse nosso filho em risco.
A partir dali seria tenso, um universo unia e ao mesmo tempo separava nós três.

Continua...



3 comentários:

Adoraria saber sua opinião sobre este post!